Sala de cinema: proposta quer permitir que filmes sejam vistos em casa no lançamento (Maegan Tintari/Flickr)
Victor Caputo
Publicado em 28 de março de 2016 às 14h05.
São Paulo – Uma nova proposta criada por Sean Parker, um dos criadores do Napster, tem causado reações diversas em Hollywood. Em linhas gerais, a ideia de Parker permitiria que pessoas assistissem a filmes que estejam chegando ao cinema em suas casas. Seria uma espécie de Netflix de luxo.
O projeto leva o nome de “Screening Room”, sala de projeção, em tradução livre. Parker afirma que sua ideia não tiraria espectadores dos cinemas, uma vez que tem apelo para adultos que já não vão ao cinema de qualquer maneira.
Para poder assistir a um filme no conforto do seu sofá, seria preciso aderir ao programa. O primeiro passo é comprar uma caixa anti-pirataria que custaria 150 dólares. Ela serviria como receptor do filme e teria medidas de segurança para evitar que o filme fosse baixado e disponibilizado na internet.
Depois disso, ainda seria preciso pagar pelo aluguel. O preço divulgado inicialmente é de 50 dólares por filme, que ficaria disponível para ser visto dentro de um período de 48 horas sem limite de repetições. De brinde, o assinante ainda ganharia dois ingressos para assistir ao filme em questão no cinema (o que não faz muito sentido no final das contas).
Sean Parker foi um dos fundadores do Napster e um dos primeiros investidores do Facebook (talvez você se lembre dele sendo interpretado por Justin Timberlake no filme A Rede Social). O empresário sabe, portanto, como revolucionar um mercado. Por conta disso, a ideia atraiu grandes nomes de Hollywood. Entre os investidores da Screening Room estão diretores como Steven Spielberg, Peter Jackson, J. J. Abrams e Ron Howard.
Jackson, diretor dos filmes da saga O Senhor dos Anéis, afirmou que acredita que a ideia permitiria que os filmes alcançassem um público maior. Para ele, os consumidores desse vídeo sob demanda não iriam até um grande complexo de cinemas de qualquer forma.
Alguns, no entanto, se posicionaram contrários à ideia. Dois deles foram o diretor James Cameron e o produtor Jon Landau (parceiros em Titanic e Avatar). “Para nós, do ponto criativo e financeiro, é essencial que filmes sejam oferecidos exclusivamente em cinemas em seu lançamento. Não entendemos por que a indústria poderia querer oferecer ao público um incentivo para pular a melhor forma de se experimentar a arte que trabalhamos tão duro para criar”, afirmou Landau ao noticiário Variety.
Christopher Nolan, diretor da trilogia mais recente de Batman e de filmes como A Origem e Interestelar, se aliou a Landau e Cameron contra a ideia. Outros que também criticaram a ideia são representantes das cadeias de cinema dos Estados Unidos.
A União Internacional de Cinemas, órgão europeu, também afirmou que a ideia é preocupante e que traz "riscos significativos" à indústria.
Nesse cenário, é importante lembrar que o Netflix deu passos contra a exibição exclusiva em salas de cinema. No ano passado, a empresa lançou seu primeiro filme, Beasts Of No Nation, de maneira exclusiva na plataforma de vídeo sob demanda.