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Criador do Colab explica sua “rede social para a cidadania”

Em entrevista para INFO, Gustavo Maia fala do Colab, eleito o melhor app urbano do mundo no prêmio AppMyCity

Da esquerda para a direita: Paulo Pandolfi, Josemando Sobral, Gustavo Maia e Bruno Aracaty, quatro dos idealizadores do Colab (Divulgação New Cities Foundation / Maurício Roja)

Da esquerda para a direita: Paulo Pandolfi, Josemando Sobral, Gustavo Maia e Bruno Aracaty, quatro dos idealizadores do Colab (Divulgação New Cities Foundation / Maurício Roja)

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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2013 às 15h03.

São Paulo – Desenvolvido por uma equipe de brasileiros, o Colab foi eleito nesta semana o melhor app urbano do mundo no prêmio AppMyCity.

O aplicativo tem uma proposta ambiciosa: servir como ponte entre cidadãos e as prefeituras. Nele, as pessoas podem informar problemas na cidade, sugerir projetos e ainda avaliar serviços públicos. Os dados são enviados aos gestores responsáveis, que têm no Colab uma boa forma de saber tudo que está acontecendo de certo e de errado na região.

O Colab levou quase seis meses para sair do papel, e foi idealizado por cinco sócios: Paulo Pandolfi, Josemando Sobral, Bruno Aracaty, Vitor Guedes e Gustavo Maia. E é o último deles que explicou a INFO Online como funciona essa “rede social para a cidadania”.

O Colab é um aplicativo relativamente novo (tem pouco mais de dois meses). Como foi para vocês saber que ele já estava na final de uma premiação?

Pelo tempo de vida do app, nós nos inscrevemos sem nenhuma expectativa. Quando vimos o nome do Colab na relação dos dez semifinalistas, já foi uma alegria enorme, de sair gritando e comemorando pela casa. Depois, quando soubemos que íamos para a final, tivemos que nos preparar correndo para levar ao evento AppMyCity! tudo que tínhamos para mostrar em relação ao Colab. Isso porque, apesar de sermos novos, vemos que já conseguimos movimentar as coisas nas cidades, e queremos levar a ideia para o Brasil todo.

O Colab está com mais de 10.000 usuários cadastrados, mas de onde eles vêm? E como começou essa expansão?

Na semana da final do AppMyCity!, conferimos os gráficos de publicação de usuários e vimos que havia postagens de todos os estados do Brasil. Ou seja, o Colab já começou a se espalhar por todo lado. Começamos por Recife, com a estratégia inicial de nos “segurarmos”, para termos um pouco mais de noção da plataforma. Mas, com toda essa movimentação por causa da final do prêmio e a exposição que tivemos, abrimos o serviço para o resto do Brasil há menos de duas semanas, com a intenção justamente de tornar o Colab acessível para todo o país.

Como foi o desenvolvimento do aplicativo?

Nós já discutimos sobre esse tema de gestão colaborativa, que é a proposta do aplicativo, há um bom tempo. Tentamos entender primeiro o que um cidadão tem interesse em reportar e como que as reclamações dele poderiam ser filtradas e melhor colocadas para o gestor público, aquele que vai resolver os problemas. Estudamos ainda algumas outras opções de aplicativos e plataformas em que as pessoas também podiam reportar problemas.

Mas o aplicativo se limita apenas a essa parte de “denunciar” falhas nas cidades?

Não. Vimos que somente reportar problemas não era suficiente. Queríamos criar um serviço em que os cidadãos pudessem também dar ideias de projetos, porque somente eles sabem os problemas da cidade. Por isso, o Colab tem um banco de dados e um fórum onde as pessoas podem dar ideias sobre projetos. Conta ainda com um recurso que avalia se os projetos urbanos são bons ou ruins. A nossa ideia com o app é: você fiscaliza, você propõe e você avalia.


Como vocês fazem os usuários serem ativos no app?

Inserimos no aplicativo um padrão de “gamification” (gamificação), para pontuar as pessoas de acordo com as atividades delas. Como o Colab é aberto, os usuários podem seguir uns aos outros e ver quem são os cidadãos que mais interagem com a cidade. Então, dá para ter uma noção de quem são os mais participativos, saber se a pessoa faz a parte dela, publicando coisas... Quem sabe daí não sai uma liderança para se candidatar a vereador, a algum cargo na cidade? Pensamos em tudo isso e foi mais ou menos em outubro ou novembro do ano passado que sentamos na frente do computador para desenvolver a plataforma em si. Ficamos lá, desenvolvendo os conceitos, até lançarmos o Colab, no dia 26 de março.

E do lado do governo? Como o Colab funciona?

Nós damos a plataforma ao governo que a solicita e pedimos ao cidadão para conferir se as coisas estão funcionando de fato. Se a prefeitura está com a plataforma e a pessoa posta um problema, vai caber a ela verificar se a falha foi solucionada. Caso a resposta seja negativa, nós teremos uma noção de como o governo está agindo com o aplicativo. Mas isso pode ser útil também para o próprio prefeito, por exemplo, porque nem sempre será ele o responsável por cuidar das falhas relatadas no Colab – pode ser um fiscal ou uma equipe. Se eles mentirem sobre a resolução do problema, o prefeito terá uma noção da gestão e saberá onde vai ter que agir. Na concepção do serviço, nós conversamos com prefeitos, com secretários de governo, da cidade, vereadores e deputados – muita gente, em resumo – para entendermos melhor o lado deles. Então, fizemos uma plataforma para o cidadão, que também pode ser usada pelo gestor público – assim, não vira somente um muro de lamentações.

A premiação contribui de alguma forma com a visibilidade do Colab? Como ficou a procura pelo aplicativo?

Então, na verdade, a procura já estava acontecendo. Mesmo o aplicativo sendo muito recente, tivemos bastante feedback, muitas prefeituras entrando em contato e querendo participar, querendo saber mais sobre ele. Já começamos a rodar por todo canto para apresentar o Colab, mostrar como ele funciona e começar a treinar pessoal para fazê-lo funcionar. Claro, com o prêmio, acreditamos que a visibilidade aumente ainda mais, o que é sempre um peso. Ele deve abrir mais portas e facilitar ainda mais o contato com prefeituras. Tivemos contato de gestores de Portugal e da Espanha e até temos a ideia de levar a ideia para lá também, mas, por enquanto, nosso foco vai ser no Brasil. Queremos resolver aqui primeiro, tentar melhorar nossas cidades, para depois ir para fora.

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