Coreia do Sul quer construir a maior base de fabricação de chips do mundo (Adam Gault/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 13 de maio de 2021 às 14h04.
A Coreia do Sul revelou planos ambiciosos de gastar cerca de US$ 450 bilhões para construir a maior base de fabricação de chips do mundo na próxima década, entrando em uma corrida global com China e EUA para dominar globalmente essa tecnologia-chave para a indústria.
O projeto sul-coreano ecoa os esforços em andamento em todo o mundo para fazer face à escassez global de chips agravada pela pandemia.
O presidente americano, Joe Biden, quer dedicar US$ 50 bilhões à pesquisa e produção de semicondutores nos Estados Unidos, e recebeu
apoio de big techs como Apple, Google, Microsoft e Amazon.
E a China destinou centenas de bilhões de dólares ao desenvolvimento de sua própria indústria de fabricação de chips, para não depender de importações projetadas pelo Ocidente.
As gigantes coreanas Samsung Electronics e a SK Hynix vão liderar mais de 510 trilhões de wons em investimentos em pesquisa e produção de semicondutores nos anos até 2030 sob um plano nacional elaborado pelo governo do presidente Moon Jae-in.
Elas estarão entre 153 empresas que impulsionam o esforço de uma década, com o objetivo de proteger a indústria economicamente mais crucial do país.
A Samsung está aumentando seus gastos em 30%, para US$ 151 bilhões até 2030, enquanto a Hynix está comprometendo US$ 97 bilhões para a expansão das instalações existentes, além de seu plano de US$ 106 bilhões para quatro novas fábricas em Yongin, disse o co-CEO Park Jung-ho durante o evento.
— Os principais concorrentes globais estão avançando com investimentos maciços para serem os primeiros a conquistar o mercado futuro — disse o presidente Moon em um discurso. — Nossas empresas também estão assumindo riscos e inovando, e concluíram os preparativos para tempos turbulentos.
O país asiático também vai treinar 36 mil novos especialistas em chips entre 2022 e 2031, contribuir com 1,5 trilhão de wons para pesquisa e desenvolvimento de chips e discutir uma legislação adaptada para ajudar a indústria de semicondutores.
O governo coreano incentivará sua indústria doméstica com incentivos fiscais, taxas de juros mais baixas, regulamentações atenuadas e infraestrutura reforçada.
A Coreia do Sul também visa atrair investimentos estrangeiros adicionais em tecnologia avançada. A fabricante holandesa de equipamentos de semicondutores ASML Holdings NV sinalizou que pretende gastar 240 bilhões de wons para construir um centro de treinamento em Hwaseong, enquanto a Lam Research Corp., da Califórnia, planeja dobrar sua capacidade no país, disse o governo.
O esforço surge em um momento em que EUA, China e União Europeia buscam reforçar suas capacidades de produzir semicondutores depois que uma escassez global de chips expôs a dependência mundial de apenas um punhado de fabricantes asiáticos e está afetando a futura recuperação econômica no pós-pandemia.
A escassez está se espalhando cada vez mais pelas indústrias, de automóveis a smartphones e monitores.
Em jogo está uma tecnologia fundamental para avanços inovadores, da inteligência artificial aos veículos autônomos e casas conectadas.
A Coreia do Sul, um aliado de segurança dos EUA e um grande exportador para a China, tem caminhado na corda bamba entre os dois enquanto reforça suas próprias proezas de produção.
Os semicondutores respondem pela maior parte das exportações da Coreia do Sul, e as exportações de chips devem dobrar para US$ 200 bilhões até 2030, disse o Ministério do Comércio, Indústria e Energia.
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