Tecnologia

"Construir uma metrópole conectada é o desafio do nosso tempo"

Scott McQuire, da University of Melbourne, e o italiano Massimo Canevacci acreditam que as redes digitais precisam transformar o espaço urbano

McQuire e Canevacci (USP/IEA/Sandra Codo)

McQuire e Canevacci (USP/IEA/Sandra Codo)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2013 às 14h32.

São Paulo – A humanidade vive um momento da história em que a cultura digital desafia cidades do mundo a criarem um espaço público conectado. Essa é a visão de Scott McQuire, da Universidade de Melbourne (Austrália) e do italiano Massimo Canevacci. Os pesquisadores discutiram as transformações urbanas em um encontro da Universidade de São Paulo (USP).

O impacto da esfera digital no espaço urbano já acontece de uma forma natural porque a tecnologia está espalhada pela cidade, em cinemas, smartphones, tablets, computadores, entre outros dispositivos tecnológicos usados pela população. “A absorção dessas tecnologias faz parte de um processo irreversível, que já modifica a população que ocupa os principais centros urbanos do mundo”, afirmou.

Segundo McQuire, essas novas bases de dados estão moldando novos comportamentos e inspirando uma nova geração. As interações em rede se tornaram cotidianas e é preciso pensar em como essa trajetória transforma as mais antigas geometrias de poder da cidade.

Para McQuire, quando novas tecnologias aparecem costumam ser vistas como artifícios destrutivos que aniquilam o tempo e o espaço e as relações sociais existentes. Mas depois de um tempo se tornam parte do cotidiano de tal forma que ninguém consegue imaginar a vida sem elas.

É nisso que McQuire está interessado, em como as novas tecnologias são incorporadas no cotidiano. “É o caso do Google Street View, que começou com imagens de cinco cidades e agora faz parte da transformação do espaço público. Hoje, as pessoas o usam para planejar viagens e ver o local para onde vão antes de sair de casa", disse.

Com a tecnologia, podemos nos conectar com amigos ausentes e ampliar nosso horizonte das relações sociais, mas podemos ir além. Os pesquisadores propõe que as tecnologias transformem o modelo atual das cidades, com uma maior interação entre tecnologia, arte e urbanismo.

"Precisamos inserir a tecnologia no processo de transformação das metrópoles e grandes centros urbanos", disse Canevacci. Para o italiano, é chegada a hora de uma nova visão de cidade. "Erguer uma metrópole comunicacional é o desafio do nosso tempo".

McQuire comanda alguns projetos que testam essa inserção da rede no espaço urbano. Um deles experimenta o uso de grandes telas de vídeo, como uma plataforma de comunicação para a construção de uma esfera pública experimental.

O projeto de mídia participativa é o pioneiro na ligação de grandes telas públicas em Melbourne e Seul. Em um dos testes, por exemplo, as pessoas viam na tela de uma praça um número para onde deveriam enviar por SMS o local de origem de sua família. Conforme as mensagens de texto chegavam, era traçado um mapa com as correntes migratórias.

A ideia do processo é testar a teoria, ver a reação da população, analisar os produtos ali gerados e os efeitos de difusão pública. Esse é considerado o primeiro estudo das possibilidades para o uso de grandes telas de vídeo pelo mundo como uma plataforma para o intercâmbio cultural e transformação da esfera pública na era global.

Outro projeto de McQuire estuda de que forma as redes digitais, como a banda larga, podem contribuir para melhorar a participação da população no espaço público, resolver problemas como o isolamento social e aumentar a capacitação dos cidadãos. Também pode ser uma forma de desenvolver um sentimento de coletividade e diminuir o individualismo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasEnsino superiorFaculdades e universidadesINFOInovaçãoInternetMetrópoles globaisRedes sociaisSão Paulo capital

Mais de Tecnologia

Spotify vai aumentar preço das assinaturas a partir de junho, diz jornal

Como antecipado pela EXAME, Apple amplia produção de iPhones no Brasil

Apple vai deslocar produção da maioria dos iPhones vendidos nos EUA para Índia até fim de 2026

Uber e Volkswagen vão lançar robotáxis que dispensam motoristas