Tupac Shakur no festival Coachella: a união de uma tecnologia centenária com vídeo em alta resolução permitiu levar o rapper de volta ao palco 16 anos depois de sua morte (Christopher Polk / Getty Images)
Maurício Grego
Publicado em 18 de abril de 2012 às 14h21.
São Paulo — O momento mais marcante até agora no festival Coachella, que começou no último fim-de-semana na Califórnia, foi a entrada do rapper Tupac Shakur no palco para cantar três músicas com os artistas Snoop Dog e Dr. Dre. Shakur morreu assassinado em 1996. Sua ressurreição foi possível graças a uma tecnologia criada 150 anos atrás e aperfeiçoada com imagens em alta resolução.
A tecnologia empregada no Coachella é descrita, pelos organizadores do festival e pelo fabricante do equipamento, como sendo uma holografia em 3D. Mas ela não tem relação com as imagens estereoscópicas dos filmes em 3D exibidos no cinema e na TV. No palco do Coachella, a sensação de tridimensionalidade foi produzida pela combinação de objetos reais com uma imagem virtual em duas dimensões.
A técnica é uma variação da que é conhecida como fantasma de Pepper. Ela foi demonstrada pela primeira vez há 150 anos pelo inglês John Henry Pepper. Para criar um fantasma de Pepper, é preciso refletir uma imagem luminosa numa superfície semitransparente posicionada a 45 graus em relação ao ângulo de visão do usuário.
O fundo atrás dessa tela é mantido escuro, de modo que a os observadores vejam a figura projetada em destaque. Alternando a iluminação entre o fundo e a figura, cria-se a ilusão de que o fantasma aparece ou desaparece magicamente.
Pessoas reais podem interagir com a imagem, como fizeram Snoop Dog e Dr. Dre, o que torna a ilusão mais convincente. Esse sistema é usado há décadas em parques de diversão, em apresentações do tipo mulher gorila, em shows de mágica e até em algumas exibições em museus. Mas produzir fantasmas é mais fácil do que fazer a imagem de uma pessoa parecer real.
Para dar realismo à aparição de Shakur, os organizadores do Coachella empregaram um potente projetor de alta definição. Ele foi usado para projetar vídeos que mostravam o rapper cumprimentando a plateia e cantando. O sistema, chamado Eyeliner, foi criado pela empresa britânica Musion.
A empresa fornece a tela transparente, formada por um filme fino de material sintético metalizado. Essa solução torna viável o uso de telas grandes sem emendas. E seu custo é muito mais baixo do que o de uma tela de vidro ou outro material rígido. O vídeo abaixo, produzido pela Musion, mostra o sistema em ação.