Eficiência energética: conhecer seu próprio consumo é primordial para que uma empresa faça um uso consciente da eletricidade (Napat_Polchoke/Getty Images)
Energia é um recurso essencial para a evolução de qualquer empresa. Ela está presente em diferentes processos, seja em linhas de produção de uma fábrica, na refrigeração em frigoríficos ou na iluminação de shoppings e supermercados. Mas a demanda crescente típica de um país em desenvolvimento, os altos custos e a preocupação com a disponibilidade do recurso têm feito as empresas brasileiras buscarem soluções para produzir sua própria energia e aumentar a eficiência da eletricidade que já consomem.
O conhecimento do seu próprio consumo de eletricidade é fator primordial para que uma empresa implemente ações de eficiência. “Hoje, as companhias recebem as faturas de energia elétrica no fim do mês, mas ela é apenas um resumo do que aconteceu no período”, explica Anderson Grava, diretor de engenharia da Gestal, empresa especializada no gerenciamento e controle de energia elétrica. Se uma máquina consome mais energia do que as outras iguais a ela, por exemplo, é impossível identificar o defeito apenas com a fatura do fim do mês.
O primeiro passo para um consumo mais eficiente é controlar o gasto de energia de cada processo de forma isolada. Com ajuda de medidores que acompanham 24 horas o uso de eletricidade em cada equipamento, é possível determinar onde, quando e em quais circunstâncias acontecem os picos de consumo. “Quando nós começamos a medir o consumo em vários pontos da empresa, passamos a conhecer como esses valores são construídos. Isso permite identificar os gargalos e as possíveis melhorias. Afinal, só conseguimos melhorar o que podemos medir”, diz Grava.
A redução dos gastos é uma das grandes vantagens de um bom gerenciamento do consumo de energia. A substituição das lâmpadas incandescentes por lâmpadas de LED é um exemplo. “A troca resulta em uma queda no gasto de energia sem perda de produtividade, pois as lâmpadas de LED iluminam com a mesma intensidade o ambiente e consomem menos”, explica José Aquiles Grimoni, professor do departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétrica, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Veja o caso da Mercedes-Benz do Brasil. Além de realizar a medição constante em suas fábricas, a empresa está substituindo a iluminação das unidades de São Bernardo do Campo (SP), Campinas (SP) e Juiz de Fora (MG) por lâmpadas de LED e adotou uma política de atualização de maquinário por ferramentas que consomem menos energia. “A eletricidade é um dos dez insumos mais caros que nós temos na nossa cadeia produtiva. Por isso, nos últimos quatro anos, fizemos grandes mudanças nas fábricas que produzem caminhões e chassis de ônibus”, afirma Celso Modesto, gerente de manutenção industrial da Mercedes-Benz.
A empresa ganhou em produtividade ao mudar seu planejamento energético. “Os resultados são ótimos, pois conseguimos produzir até 40% a mais com o mesmo consumo de energia”, explica Modesto. Isso é possível porque, quando a energia é utilizada de forma inteligente, a produção exige menos eletricidade.
Os benefícios na gestão da energia podem ser usufruídos por qualquer empresa, mas nem sempre elas contam com equipes de engenheiros para planejar as ações de eficiência. É o caso da indústria de fertilizantes Galvani, que queria melhorar o consumo em suas unidades. A solução foi procurar uma consultoria que auxiliasse na identificação das formas de redução de consumo e uso eficiente de energia. Como parte do projeto, a empresa instalou uma série de ferramentas para diminuir o gasto geral de energia do seu complexo industrial.
A modernização dos equipamentos também permite que as empresas sejam mais sustentáveis e competitivas. “Nós priorizamos a eficiência energética desde sua base, com o uso dos melhores equipamentos e a presença de funcionários conscientes sobre a necessidade de processos para o melhor aproveitamento da energia disponível”, explica Lieven Cooreman, diretor executivo da Galvani. “Acreditamos que, sem uma agenda do futuro sobre sustentabilidade, meio ambiente e segurança, as empresas terão dificuldades de atrair talentos, gerar resultados e até mesmo sobreviver em um mercado muito competitivo.”