Mark Zuckerberg: presidente da Meta gerenciou projeto para espionar rivais (Andrew Harrer/Bloomberg)
Redação Exame
Publicado em 1 de abril de 2024 às 14h35.
Última atualização em 1 de abril de 2024 às 14h35.
A Meta gerenciou um projeto secreto para interceptar dados de Snapchat, Amazon e YouTube e quebrar a criptografia, visando entender o comportamento dos usuários e aprimorar seus próprios produtos.
A iniciativa, chamada Project Ghostbusters, em referência ao logotipo do aplicativo concorrente Snap, foi divulgada por uma corte federal da Califórnia durante uma ação coletiva movida por consumidores contra a Meta.
A ação judicial lançou luz sobre os esforços da Meta para obter vantagens competitivas através da análise do tráfego de rede gerado pelos usuários dessas plataformas.
Para contornar a criptografia usada por esses aplicativos, o Facebook desenvolveu tecnologias especializadas, conforme descrito em um dos documentos que detalham o Projeto Ghostbusters. Este projeto fazia parte do programa da empresa denominado Painel de Ação In-App (IAPP), que empregava técnicas para "interceptar e decifrar" o tráfego de aplicativos criptografados.
Um ponto de virada na história foi o uso do Onavo, um serviço semelhante a uma VPN adquirido pelo Facebook em 2013, que permitiu à empresa acessar toda a atividade web dos usuários.
Documentos recentemente divulgados corroboram informações de uma reportagem de 2017 do Wall Street Journal, que já indicava o uso da VPN Onavo pela Meta, à época conhecida como Facebook, para observar a atividade dos usuários no Snapchat. Segundo a reportagem, fontes anônimas internas contribuíram com insights sobre a prática.
Essa estratégia de coleta de dados permitiu à Meta identificar uma desaceleração no crescimento do Snapchat, influenciando a decisão da empresa de intensificar os esforços e recursos no desenvolvimento do Instagram Stories.
Em 2019, a empresa optou por descontinuar o Onavo, juntamente com o Facebook Research. Este último, um programa que remunerava jovens para permitir o monitoramento de suas atividades via celular, também foi alvo de intensas críticas e debates acerca da privacidade dos usuários.
Consultados pela equipe TechCrunch para comentários sobre o caso, as companhias Amazon, Google, Meta e Snap optaram por não emitir declarações a respeito da situação.