Dispositivos: decisões como a proibição normalmente são consequência de ameaças identificadas pelos serviços de informação (John Moore/Getty/Arquivos/AFP)
AFP
Publicado em 22 de março de 2017 às 13h22.
Estados Unidos e Reino Unido proibiram nesta terça-feira o transporte de computadores portáteis e tablets na cabine em voos de companhias de vários países árabes e da Turquia, alegando risco de atentado terrorista. Mas por que estes dispositivos eletrônicos são considerados uma ameaça?
As decisões tomadas pelas autoridades americanas e aplicadas pela TSA (Administração de Segurança no Transporte, em inglês) normalmente são consequência de ameaças identificadas pelos serviços de informação, explica à AFP Jean-Charles Brisard, presidente do Centro de Análises do Terrorismo.
"Alguns grupos como AQPA (Al-Qaeda na Península Arábica) tentam há muitos anos se adaptar de forma progressiva às medidas de segurança aplicadas pelos Estados Unidos e seus aliados, principalmente miniaturizando os explosivos".
"As medidas anunciadas estão baseadas em ameaças precisas, sem dúvida por este grupo (AQPA), um dos que está mais adiantado quanto à sofisticação, sobretudo na miniaturização de artefatos explosivos", acrescentou.
Após a aproximação entre membros da AQPA e grupos rebeldes sírios, em 2014, a TSA já havia proibido as baterias descarregadas nos computadores portáteis nos aviões, segundo Brisard.
Temia-se que "o espaço destinado à bateria pudesse esconder um explosivo em miniatura de vários gramas", explica.
"A principal ameaça é proveniente, aparentemente, de destinos listados pelas autoridades americanas", explica este especialista, que acrescenta que as medidas da TSA são geralmente retomadas em todo o mundo.
No entanto, alguns países não dispõem dos mesmos dispositivos de detecção que os países ocidentais, adverte.
Sistemas eletrônicos como estes possuem "todos os elementos de um artefato explosivo", "salvo o detonador e o explosivo, que precisam ser acrescentados", explica à AFP Sébastien Caron, diretor-geral do ASCT, um centro de formação sobre temas de segurança aeroportuária.
"Quando há uma dúvida sobre uma zona opaca ou sobre a tipologia do passageiro, passaremos um detector de rastros", em forma de tecido, sobre o computador, afirma Caron.
Se o computador tiver explosivos, restarão rastros sobre o aparelho. O tecido será analisado em sete segundos e poderá determinar se há a presença de substâncias explosivas, segundo este especialista.
Em alguns aeroportos, como na França, as malas despachadas passam por um sistema chamado EDS (Sistema de Detecção de Explosivos, em inglês), que pré-determinará se existe ou não a presença de explosivos a partir da análise das moléculas no interior da bagagem.
Se a máquina considerar que há uma ameaça em uma mala, indicará na tela e um operador humano supervisionará o objeto.
"De 100 malas, apenas 30% passam pelo operador humano, que elimina dúvidas em 25 (malas) dos 30%", segundo Caron. Os 5% restantes serão analisados por um tomógrafo, uma máquina ainda mais sofisticada, afirma.