Cantareira (Vagner Campos/A2 FOTOGRAFIA/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2014 às 05h52.
O comitê anticrise que monitora o Sistema Cantareira rejeitou, pela segunda vez, o plano de contingência apresentado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para operar o manancial pelos próximos cinco meses. Ao mesmo tempo, os órgãos reguladores decidiram reduzir em 8,4% a vazão máxima que a empresa pode retirar das represas para abastecer, hoje, cerca de 7,3 milhões de habitantes da Grande São Paulo.
Agora, até o dia 15 deste mês, a Sabesp não poderá retirar mais do que 19,7 mil litros por segundo dos quatro principais reservatórios. Esta foi a primeira redução imposta pela Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista, com um limite inferior a que a Sabesp já vinha praticando. Em junho, a empresa retirou, em média, 19,9 mil litros por segundo. Antes da crise, eram captados 30 mil litros.
Na proposta feita ao comitê, intitulada "Plano de Contingência II", a Sabesp queria retirar 20,9 mil litros neste mês. Até o fim de novembro, a empresa pleiteava retirada média de 21,2 mil litros. Em comunicado divulgado ontem, o grupo técnico "concluiu não ser possível, com o atual volume disponível de 197,5 milhões de m³ (bilhões de litros), o atendimento das vazões pretendidas (pela Sabesp) até o horizonte de planejamento considerado de 30 de novembro de 2014".
Na prática, os técnicos alegam que, em um cenário no qual o volume de água que chega aos reservatórios do Cantareira tem correspondido a apenas 50% das mínimas históricas, a capacidade disponível hoje no manancial, mesmo com a parcela adicional do chamado "volume morto", seria insuficiente para atender à quantidade de água pedida pela Sabesp. Conforme o Estado antecipou, junho foi o mês mais seco do manancial em 84 anos, com vazão afluente 46% inferior à pior já registrada.
Cálculos
O grupo pediu para que a Sabesp faça uma "reavaliação". Em maio, técnicos do comitê pediram que a empresa usasse um cenário mais "desfavorável" nas projeções. Segundo cálculo da Sabesp, e antecipado pelo Estado, com vazão afluente 50% abaixo da mínima histórica, os 182,5 bilhões de litros que estão sendo retirados do "volume morto" podem acabar em 27 de outubro.
A Sabesp solicitou aos órgãos reguladores a retirada de mais 100 bilhões de litros da reserva profunda (4o0 bilhões no total). O pedido ainda é analisado. Em nota, a Sabesp afirma que "as vazões determinadas pelos órgãos reguladores são suficientes para garantir o abastecimento da população da Grande São Paulo até meados de março de 2015". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.