Uber: casos de assédio ainda preocupam a empresa (Spencer Platt/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 10h54.
O nome da Uber está mais uma vez envolvido em casos de assédio. A companhia americana foi multada em 59 milhões de dólares por não responder perguntas de órgãos reguladores na Califórnia em relação a segurança dos passageiros do aplicativo de transporte. Especialmente no que diz respeito a casos de assédio sofridos pelos usuários durante as viagens.
A empresa tem 30 dias para pagar a multa à Comissão de Serviços Públicos da Califórnia (CPUC, na sigla em inglês) e responder às perguntas do órgão. Caso não faça isso, o serviço corre o risco de ser suspenso no estado, conforme foi decidido em tribunal e reportado pelo jornal americano The San Francisco Chronicle.
É preciso destacar que a própria Uber reconheceu a importância do relatório que relatou milhares de casos de agressões sexuais nos EUA entre 2017 e 2018. Na época, a companhia afirmou que o documento de 84 páginas era “chocante”. Entretanto, conforme lembra o The Verge, a Uber também afirmou que o relatório não “avaliou ou tomou qualquer posição sobre se algum dos incidentes relatados realmente ocorreram”.
Após a divulgação do relatório, a CPUC entrou em contato com a Uber para questionar sobre as práticas de segurança e os detalhes sobre os casos de assédio. A companhia nunca respondeu às perguntas, alegando que isso poderia ser um risco à privacidade dos sobreviventes das agressões e dos funcionários da empresa.
Em janeiro deste ano, uma decisão judicial impediu a Uber de arquivar o caso por confidencialidade e obrigou a companhia a responder às questões. Mesmo assim, a Uber continuou mantendo o silêncio em relação ao assunto durante o ano. A decisão mais recente da CPUC pode, finalmente, ser o capítulo final desta novela.
Desde que assumiu o comando da companhia, no final de 2017, o presidente Dara Khosrowshahi afirmou por diversas vezes que seu objetivo era mudar a cultura interna da empresa. A Uber foi duramente criticada por atitudes de seu ex-presidente e fundador, Travis Kalanick, em relação a casos de assédio reportados por funcionários da Uber.