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Com fim do Tick-Tock e do acordo com a Apple, futuro da Intel é incerto

Com renúncia de CEO, atrasos e falhas, empresa tem desafios a vencer

Intel (Divulgação) (intel/Divulgação)

Intel (Divulgação) (intel/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 22 de junho de 2018 às 05h55.

Última atualização em 22 de junho de 2018 às 16h37.

São Paulo – Brian Krzanich deixou a Intel nesta semana, depois de a empresa ter entendido que ele violou uma política interna por ter mantido uma relação afetiva com uma funcionária. A gestão do executivo foi entre os anos de 2013 e 2018, um período turbulento e repleto de casos emblemáticos na história da companhia.

Depois de ter perdido a onda dos smartphones, campo que ARM e Qualcomm dominaram e hoje são quase onipresentes nos smartphones Android (exceto em modelos de Samsung que têm variantes com processadores Exynos, de fabricação própria), a Intel mudou seu ciclo de atualização de processadores devido à dificuldade de desenvolvimento de processadores com transistores com dimensões menores do que 14 nanômetros (milionésimos de milímetros).

Antes, a Intel adotava o sistema conhecido como Tick-Tock para gerenciar a evolução tecnológica dos chips. Em uma geração, a empresa dava um passo à frente em miniaturização dos circuitos. Na seguinte, ela melhorava seus processadores com uma nova arquitetura e maior eficiência energética. Esse ciclo era mantido no período de 14 a 24 meses. Porém, desde 2015, com a linha Skylake, a companhia estacionou no processo de litografia de 14 nanômetros. Isso mudou, parcialmente, apenas em maio de 2018, com o processador Core i3-8121UA, empregado em um modelo de notebook da linha Ideapad, da Lenovo. Porém, a produção em grande escala desse novo processador ficou para 2019.

Enquanto isso, a IBM, por exemplo, já trabalha em processadores de 7 nanômetros, afirma o jornal americano The New York Times.

Outro problema para a Intel surgiu recentemente. A Bloomberg reportou em abril que a Apple planeja parar de usar processadores Intel em 2020. Em vez de depender de outras empresas, a companhia liderada por Tim Cook vai fabricar seus próprios processadores para os MacBooks e iMacs. Isso tem a ver com as diferenças entre os ciclos de renovação de compra propostos pelas empresas. A Apple tem ritmo acelerado e quer que os consumidores comprem novos produtos a cada dois ou três anos. A Intel, por outro lado, trabalha com um período de troca de cinco anos, como indica o The Verge.

Em meio a tudo isso, houve ainda as falhas Meltdown e Spectre, que afetaram, em nível de hardware, a maioria dos processadores feitos nos últimos 20 anos. Elas permitiam que hackers conseguissem acesso à memória de computadores. Por atualizações de firmware, a empresa minimizou o problemas, mas especialistas indicam que a falha só poderia mesmo ser resolvida com um novo hardware.

Em projetos de longo prazo, a Intel tem iniciativas voltadas à Internet das Coisas, tendência de colocar sensores e processadores em produtos tipicamente sem conexão com a internet, projetos baseados em blockchain e em 5G.

A Intel ainda não escolheu um CEO definitivo para ocupar a posição de Brian Krzanich, mas o próximo líder da companhia terá que lidar com um cenário de desafios e incertezas.

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