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Com a saída de Rubin, Android tende a engolir Chrome OS

Andy Rubin não é mais responsável pelo Android no Google. Sundar Pichai, que o substitui, deve fundir o sistema operacional móvel ao Chrome OS


	Andy Rubin já liderava o desenvolvimento do Android antes de o sistema ser comprado pelo Google, em 2004
 (Getty Images)

Andy Rubin já liderava o desenvolvimento do Android antes de o sistema ser comprado pelo Google, em 2004 (Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 14 de março de 2013 às 12h14.

São Paulo — A notícia de que Andy Rubin, o pai do Android, estava deixando de ser o executivo responsável pelo sistema móvel do Google surpreendeu muita gente ontem. Quem o substitui é Sundar Pichai, que dirigia a divisão responsável pelo browser Chrome e pelo Chrome OS, o sistema operacional dos chromebooks.

Num post no blog oficial da empresa, o CEO Larry Page elogia Rubin e diz que ele vai permanecer no Google, liderando outros projetos. Mas agora é Pichai quem vai comandar o desenvolvimento tanto do Android como do Chrome OS. A mudança sinaliza que os dois sistemas operacionais devem se fundir. E traz a pergunta: quem vai morrer, Android ou Chrome OS? Ao menos num primeiro momento, é mais provável que o Chrome OS desapareça.

Esse movimento já vinha sendo antecipado pelo Google. Em 2011, durante o Mobile World Congress, em Barcelona, Eric Schmidt, presidente do conselho do Google, disse que o Android e o Chrome OS se fundiriam em algum momento. Ele disse, também, que o Chrome OS era voltado principalmente para computadores com teclado, enquanto o Android tinha seu foco na tela sensível ao toque.

Na verdade, a diferença mais importante entre os dois sistemas não tem relação com a maneira como interagem com o usuário. O Chrome OS roda apenas aplicativos da web, desenvolvidos com a tecnologia HTML 5.

Já o Android, como se sabe, conta com centenas de milhares de apps nativos, criados ou adaptados especialmente para ele – além de também ter acesso a serviços online. Esses apps tendem a se tornar cada vez mais poderosos e inteligentes à medida que o hardware permite isso. 


O mundo caminha para o uso crescente de recursos online. Poucos anos atrás, quem queria transportar arquivos de um computador a outro usava um pen drive para isso. Hoje, muitas pessoas preferem serviços na nuvem como Dropbox, Google Drive e SkyDrive para manter seus arquivos sincronizados em diferentes dispositivos.

Apps online vão gradualmente substituindo seus equivalentes nativos em certas áreas. Isso tende a se acelerar à medida que o armazenamento em data centers fica mais barato e as conexões para acesso à internet se tornam mais rápidas e confiáveis. Mesmo assim, os apps nativos não vão desaparecer tão cedo. Há pelo menos quatro razões para isso. Vejamos:

1 – Infraestrutura

O acesso à internet está longe do ideal e ainda é inexistente em certos lugares, como na maioria dos aviões e em muitas áreas rurais. Isso faz com que um chromebook, com Chrome OS, não tenha muita utilidade nessas situações.

2 – Recursos técnicos

Os apps nativos fazem coisas que seus equivalentes em HTML 5 não fazem. Jogos e outros aplicativos que solicitam intensamente o hardware tendem a continuar sendo nativos. O Google anunciou, recentemente, o primeiro chromebook com sua própria marca, o Pixel. Ele tem design refinado, tela de alta resolução e hardware poderoso. Mas logo ficou claro que ainda não há aplicativos online capazes de aproveitar o poder da máquina. Isso mostra quanto os apps em HTML 5 ainda são limitados.


3 – Mercado de apps

O desenvolvimento de apps nativos é um mercado que movimenta somas consideráveis. Embora algumas empresas tenham sucesso comercial com aplicativos em HTML 5 – jornais como o Financial Times são um exemplo – elas são casos ainda um tanto raros. E essa situação não vai mudar de repente.

4 – Base instalada

Por fim, há a base instalada de milhões de dispositivos com Android. O Google e os fabricantes de smartphones e tablets têm um compromisso com os donos desses aparelhos. Deixar de suportar apps nativos está fora de cogitação. Mas esse problema não existe em relação aos usuários do Chrome OS. Eles poderão usar, no Android, os mesmos aplicativos online a que têm acesso no Chrome OS.

Logo, para o Google, faz muito mais sentido levar o Android aos laptops do que levar o Chrome OS aos smartphones. E vale lembrar que a marca Android é obviamente mais forte que a marca Chrome OS. Assim, se o Google decidir manter apenas uma das duas, é fácil ver qual tem mais chance de sobreviver.

O Android também pode herdar recursos do Chrome OS, como a possibilidade de exibir os aplicativos em janelas, algo conveniente na tela grande de um PC. 

E um eventual fim do Chrome OS como conhecemos não impede que, a longo prazo, os aplicativos online acabem mesmo tornando os apps nativos obsoletos. O Google tem a tradição de fazer planos de longo prazo. Então, é possível que a empresa caminhe gradualmente para esse cenário nos próximos anos.

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