Tecnologia

Com 12 mil sensores, cidade de Santander ganha inteligência

Transformada num grande laboratório, a espanhola Santander testa tecnologias que podem transformar a vida nas cidades ao redor do mundo

Santander, na Espanha: a cidade testa tecnologias que poderão ser usadas em outros lugares (Year of the Dragon / Wikimedia Commons)

Santander, na Espanha: a cidade testa tecnologias que poderão ser usadas em outros lugares (Year of the Dragon / Wikimedia Commons)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 6 de novembro de 2013 às 17h50.

São Paulo -- A cidade de Santander, na Espanha, vem atraindo especialistas em tecnologia e urbanismo do mundo inteiro. Eles vão até lá para ver uma rede de 12 mil sensores ligados a computadores que estão poupando energia e água, reduzindo congestionamentos e transformando a vida dos cidadãos.

Os sensores ficam escondidos em cavidades no chão ou presos a luminárias, ônibus e lixeiras. Eles medem a poluição do ar, determinam se as vagas de estacionamento estão livres e se há pessoas numa área específica. Informam onde estão os ônibus e se as lixeiras estão cheias ou vazias.

Esses dados são processados num laboratório da Universidade da Cantábria e distribuídos em tempo real a quem precisa dessas informações. O serviço de coleta de lixo, por exemplo, fica sabendo quais lixeiras devem ser esvaziadas. Alertas de poluição atmosférica ou sonora são emitidos quando necessário.

Com base nos dados coletados, a intensidade da iluminação pública é reduzida para poupar energia em locais onde não há pessoas. E a irrigação dos jardins é ajustada em função da umidade do solo.

Já os cidadãos interagem com o sistema por meio de aplicativos móveis e sites na web. Apps permitem, por exemplo, encontrar vagas para estacionar ou saber quando vai chegar o próximo ônibus. Se alguém aciona o smartphone perto de uma loja, pode ver as ofertas dela. 

Os cidadãos também se comunicam com a administração municipal. Se alguém quiser informar sobre um buraco na rua, por exemplo, basta fotografá-lo com o smartphone. A foto segue junto com a localização captada pelo GPS do aparelho. 


O aviso vai tanto para os responsáveis pelo conserto como para os políticos que devem fiscalizá-los. E os próprios cidadãos podem acompanhar a solução. Essa transparência reduziu o tempo para solução dos problemas de algumas semanas para alguns dias.

O projeto começou há três anos com um fundo de 6 milhões de euros vindos principalmente da União Europeia. Com 180 mil habitantes, Santander foi escolhida como laboratório para testar tecnologias que, depois, poderão ser levadas a cidades maiores.

Há outras cidades participando, mas nenhuma delas tem uma rede tão ampla quanto a de Santander. Numa entrevista à revista alemã Der Spiegel, o prefeito Iñigo de la Serna disse que nenhum dos sensores havia sido destruído por vandalismo.

Ele conta que houve certa desconfiança no início. Mas a população acabou aderindo rapidamente. Contribuíram para isso os cuidados com a privacidade no projeto. Os usuários não precisam se registrar para usar os apps e o sistema não identifica as pessoas individualmente. 

A participação popular na administração cresceu, já que os apps também permitem enviar sugestões. Centenas delas já foram recebidas pela prefeitura. E a cidade passou a economizar 25% na conta de energia elétrica e 20% nos custos de coleta de lixo.

De la Serna disse ao site NPR que seu próximo plano é implantar medidores inteligentes de água e energia com comunicação sem fio nas residências e empresas. Este vídeo da Telefônica, uma das empresas participantes do projeto, mostra a cidade de Santander, os sensores e o prefeito falando (em espanhol) sobre o projeto:

//www.youtube.com/embed/QAnQhfRTkcs?rel=0

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