Em 2010, o parasita causador da malária matou 655 mil pessoas em todo o mundo, entre as quais 560.000 crianças abaixo dos cinco anos de idade (©AFP/Arquivo / Rodrigo Buendia)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2012 às 19h02.
Cali - Depois que o médico colombiano Manuel Elkin Patarroyo desenvolveu uma vacina contra a malária em 1986, outros colegas e compatriotas continuam na busca de outra imunização contra esta doença, que matou 655 mil pessoas no mundo todo em 2010, segundo a Organização Mundial da Saúde.
No Centro de Pesquisa Científica Caucaseco, nos arredores de Cali (sudoeste), uma equipe de 40 cientistas se apressa para dar início à segunda fase de testes clínicos para uma vacina sintética contra a malária provocada pelo parasita "Plasmodium vivax", o tipo mais comum da doença registrado na América Latina.
"Há dois tipos principais de malária: a causada pelo "Plasmodium falcitarum", que é a que se apresenta na África e na Ásia, e que registra mais casos e mortalidade no mundo, e a causada pelo "Plasmodium vivax", mais comum na América Latina, menos mortal, mas que apresenta maiores complicações, como a anemia", explicou à AFP Juan Pablo Quintero, coordenador de testes do laboratório, localizado no centro de Cali.
"Patarroyo desenvolveu uma vacina contra a "Plasmodium falcitarum", mas nossa pesquisa está concentrada no "Plasmodium vivax"", informou Quintero nesta quarta-feira, quando se celebra do Dia Mundial de Luta contra a Malária.
A vacina desenvolvida no Centro Caucaseco é composta de proteínas e se desenvolve mediante processos químicos. No desenvolvimento do imunizante, este centro iniciou há cinco anos testes em macacos para determinar a segurança da vacina.
"Agora vamos começar a fase dois, que consiste em comprovar que de fato a vacina funciona. Para isso, temos 32 voluntários. Mas é muito difícil dizer se estamos perto de conseguir", afirmou Quintero, para quem a vacina de Patarroyo não foi tão eficaz em sua aplicação em condições naturais, fora do laboratório.
Nesta terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou avanços na luta contra a malária, uma das doenças que mais matam nos países em desenvolvimento, mas alertou que o acesso universal ao tratamento continua difícil de alcançar.
"Nos últimos 10 anos, o crescente investimento na prevenção e no controle da malária salvou mais de um milhão de vidas", afirmou a diretora da OMS, Margaret Chan, em um comunicado publicado em Genebra.
"Mas ainda estamos longe de alcançar o acesso universal às intervenções antimalária, que salvam vidas", continuou.
Em 2010, o parasita causador da malária matou 655 mil pessoas em todo o mundo, entre as quais 560.000 crianças abaixo dos cinco anos de idade.
Segundo a OMS, a doença é a quinta mais mortal nos países mais pobres do globo. Mas foi erradicada em Armênia, Marrocos e Turcomenistão, enquanto Geórgia e Iraque não tiveram nenhum caso novo em 2010, reportou Richard Cibulskis, médico do Programa Global contra a Malária da OMS, durante coletiva em Genebra.
Nos 99 países onde a doença ainda existe, erradicá-la é possível em 34, disse Andrea Bossman, outra médica do programa.
Exames mais baratos e fáceis, o aumento do financiamento e o uso crescente de mosquiteiros tratados que protegem as pessoas durante o sono salvaram mais de um milhão de vidas na última década, destacou a organização.