Inovação

Startup brasileira faz parceria inédita com Google para digitalizar pequenos negócios

Integrando softwares de gestão com anúncios no Google, Napp Solutions consegue mostrar estoque do varejo físico em buscas online

Luis Fernando e Bruno, da Napp: startup planeja conectar estoque do varejo físico no Google (Rafael Habermann/Napp/Divulgação)

Luis Fernando e Bruno, da Napp: startup planeja conectar estoque do varejo físico no Google (Rafael Habermann/Napp/Divulgação)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 07h00.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2021 às 11h49.

Para quem não tem nenhuma presença online, dar os primeiros passos para expandir os negócios para o mundo digital pode ser intimidador. Com a pandemia de covid-19, a solução encontrada por muitos comerciantes e varejistas foi intermediária, como se conectar aos consumidores via WhatsApp, por exemplo.

Apesar disso, o problema permanece: como colocar estoque e inventário de um negócio na internet e disponibilizar isso aos consumidores? A Napp Solutions, uma startup fundada em Leme, no interior de São Paulo, fechou uma parceria com o Google para tentar solucionar esse problema.

Basicamente, a Napp se conecta a softwares de integração de gerenciamento de negócios (ERP), que permitem organizar estoques de varejistas, e coloca essas informações online. Junto do Google, é possível exibir essas informações em buscas na internet, com cards que aparecem no topo de pesquisas no buscador.

Por exemplo, se um usuário busca por um produto específico, a funcionalidade permite mostrar para ele que esse produto está em estoque numa loja próxima de sua localização, ao invés de direcionar para um marketplace ou uma loja virtual. A ideia é interessante para o consumidor porque permite ter acesso a bens de maneira mais rápida do que esperar pelo envio e frete. Para os comércios locais, há maior capilaridade e possibilidade de alcançar consumidores.

Segundo Bruno Zenatte, diretor de operações da Napp, há mais de 800 softwares conectados e a empresa cobre 80% do mercado varejista no país. A startup, que começou com coleta de dados para gerar inteligência para negócios em shoppings, percebeu que podia aliar essa integração e digitalizar os estoques de comerciantes para que pudessem haver vendas em outros canais, como o Google, marketplaces, B2W e até AliExpress. “Queríamos entregar a força do online para o varejista físico, para que ele fosse tão competitivo quanto o online, que tem força por preço. O físico tem produto imediato”, afirma.

Como os anúncios são vinculados diretamente com os softwares de gestão comercial, o que aparece no Google mostra com precisão se há muitos itens no estoque. Se as unidades estão chegando ao fim o anúncio deixa de aparecer, para não fornecer uma experiência ruim, em que o consumidor sai de casa, vai até o estabelecimento e não encontra o que estava buscando.

De acordo com Luis Fernando Vidigal, CEO da Napp, há apenas 8 parceiros do Google nesse segmento no mundo. A Napp é a única em atividade no Brasil e planeja expandir a atuação ainda no primeiro semestre para outras regiões do mundo. A startup investiu 2 milhões de reais na solução e espera que o produto represente 35% do faturamento dos próximos 8 meses.

Vidigal e Zenatte têm, inclusive, planos para o longo prazo: no calendário está o intuito de realizar um IPO nos EUA em 2023, aumentando a capacidade de produção e estruturando uma divisão comercial americana. Hoje, a empresa tem escritórios em São Paulo, São Carlos, Orlando e abriu uma operação em Portugal. Atualmente, a Napp está na busca por investidores, para uma quarta rodada de captação.

“Alguns varejistas gigantes já tem esse produto, mas ele depende de uma estrutura muito grande. São empresas como Best Buy, Walmart, Leroy Merlin. A gente criou algo simples, em que qualquer varejista pode ter anúncio no Google com o estoque dele aparecendo em tempo real”, diz Vidigal.

A Napp nasceu como uma solução para auditoria em shopping centers, permitindo coletar e gerar inteligência sobre dados de lojistas. Estar no meio dessa relação sempre foi complicado, segundo Vidigal, e a solução encontrada foi não tirar algo de alguém sem dar outra coisa em troca. “Como colocamos mais valor para o lojista? Hoje conseguimos levar ele para market places, online, dar opções de compra online e física”, explica.

Acompanhe tudo sobre:Ciência de Dadose-commerceVarejoVendas

Mais de Inovação

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes