Além de 1.600 cartuchos de jogos, Antonio Borba tem 16 consoles diferentes da linha Atari (Arquivo pessoal)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2011 às 13h27.
Última atualização em 28 de setembro de 2017 às 16h38.
São Paulo -- Um fliperama só seu. Esse era o sonho de muitos garotos e garotas na década de 80, principalmente de Antonio Borba, um rapaz que, mais tarde, se transformaria num empresário da era digital e num dos grandes colecionadores de videogames antigos do Brasil.
Morador de Curitiba, Borba sempre foi aficionado por jogos eletrônicos. "Eu vivia gastando dinheiro no fliperama", conta. Com um pai bastante entusiasmado, ele conseguiu aproveitar as novidades da época, como o telejogo da Philco, que foi uma de suas primeiras experiência com games em casa.
Mas a paixão decolou de vez com o Atari. "Os gráficos eram revolucionários, os jogos desafiadores. Era como ter o fliperama em casa". Para quem não conhece, o Atari é o primeiro game a ganhar o gosto de milhares de pessoas, lançado em 1977, mas que ganhou o mundo (e o Brasil) na década de 80.
Borba conta que seu primeiro Atari chegou antes de o videogame aportar oficialmente no Brasil. "Era necessário transcodificar o sinal emitido pelo videogame para que a imagem ficasse colorida". Nessa época começou uma paixão que perdura até os dias de hoje. Borba possui nada mais que 1.600 cartuchos de jogos, catalogados e guardados em armários especiais, 42 consoles diferentes de Atari e televisores para jogar cada um deles numa sala climatizada e com controle de umidade em sua casa.
Mas a coleção não começou cedo. Borba se afastou dos games durante um bom tempo para se dedicar aos PCs, sua outra paixão tecnológica. Só em 2004, quando encontrou um console à venda na internet, a vontade de colecionar as raridades que lhe renderam bastante distração na infância voltou à tona e virou hobby.
O colecionador explica que o Brasil é um terreno bastante propício para quem pretende montar um museu do Atari em casa. "O mercado era uma grande confusão. Havia diversos títulos pirateados, com cores de cartucho diferentes e nomes estranhos. Tenho, na minha coleção, cartuchos com o logotipo da Microsoft, que foram vendidos durante um tempo curto, por razões óbvias".
Reunir essa vasta coleção não foi fácil. Encontrar os cartuchos demandou muita pesquisa, contato com outros colecionadores em fórums especializados e, é claro, bastante investimento. As peças menos comuns não saem por menos de 400 dólares. O espaço para armazenar tudo também foi um problema. A coleção fica hospedada em dois grandes cômodos da casa dos pais de Borba, que vive em um apartamento em Curitiba, devidamente equipado com seu PlayStation 3. Para nada embolorar, os ambientes tem temperatura e umidade controlada.
Para manter a coleção viva e incentivar outros a fazerem o mesmo, Borba mantém um site dedicado aos jogos e consoles, no qual partilha seu conhecimento e dá dicas para quem deseja começar uma coleção. Há diversas fotos dos cartuchos, consoles e máquinas dos games Black Widow e Asteroids, fliperamas raros que utilizam a tecnologia vetorial e, segundo Borba, são os únicos no Brasil. Infelizmente a coleção não é aberta ao público.