A história começa em 2016, quando um foguete da SpaceX — empresa também liderada por Musk — explodiu e destruiu um satélite do Facebook (Montagem/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 24 de janeiro de 2021 às 15h30.
Uma discussão sobre a invasão de manifestantes ao Capitólio dos Estados Unidos reacendeu uma rivalidade que já dura alguns anos entre dois dos CEOs mais conhecidos do Vale do Silício. De um lado, o fundador da Tesla, Elon Musk. Do outro, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg.
O Vale do Silício, na Califórnia (EUA), reúne algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo. Mas se engana quem pensa que a convivência entre suas lideranças é sempre pacífica. A disputa de egos intensa em busca de fama, reconhecimento e, claro, bilhões de dólares, criou uma série de rivalidades famosas.
Apesar de obviamente reunir executivos com ótimas relações entre si, são, em geral, as brigas que ficam famosas, agitam as redes sociais e provocam debates acalorados — e tanto Elon Musk quanto Mark Zuckerberg parecem curtir esse tipo de exposição.
Além de discutirem bastante entre si, eles também não fogem de problemas com outros CEOs. Conheça algumas brigas envolvendo os dois executivos que se tornaram públicas:
A disputa entre os líderes de Tesla e Facebook (FB) vem de longa data e eles nunca fizeram muita questão de esconder. Os dois vivem discutindo nas redes sociais sobre temas aleatórios, que vão de inteligência artificial à exploração espacial.
A história começa em 2016, quando um foguete da SpaceX — empresa também liderada por Musk — explodiu e destruiu um satélite do Facebook. Zuckerberg divulgou um comunicado bastante duro em que afirmou estar "bastante decepcionado" com o erro. Anos depois, quando surgiu o escândalo envolvendo o FB e Cambridge Analytica, Elon Musk anunciou que desativaria as páginas de suas empresas na rede social e usou o Twitter para dizer que empresa tinha lhe causado desconforto e nervosismo.
Recentemente, em um novo round da disputa, os dois discutiram sobre a invasão de manifestantes favoráveis ao ex-presidente Donald Trump no Capitólio dos EUA. No dia dos fatos, Musk publicou uma mensagem em que dizia "Isso se chama 'efeito dominó'". A imagem, porém, tinha como primeira peça um dominó escrito "Um site para avaliar as mulheres do campus", em referência ao surgimento do FB na Universidade de Harvard.
Nos seis meses, os dois deixaram claro que têm uma relação conturbada. No início de 2020, Gates afirmou em entrevista que apesar da Tesla ter sido inovadora e ajudado na popularização dos carros elétricos, ele preferiu comprar um veículo de outra marca. Musk respondeu dizendo que a relação entre eles sempre foi "decepcionante".
Depois, em julho, Gates se mostrou incomodado com os comentários de Elon Musk sobre a covid-19. O chefão da Tesla e da SpaceX frequentemente tentou amenizar a gravidade do vírus e as medidas de combate à pandemia. "Ele não entende muito de vacinas. Ele faz ótimos carros elétricos. Seus foguetes funcionam bem também. Então ele pode falar sobre essas coisas. Espero que ele não confunda áreas com as quais não está envolvido", disse o CEO da Microsoft.
Dias depois, Musk foi ao Twitter e publicou mensagens como "Billy G não é meu amante" ("Billy G is not my lover", referência à música "Billy Jean", de Michael Jackson) e "os rumores de que eu e Bill Gates somos amantes são completamente falsos".
A disputa entre eles envolve também as suas empresas. Jeff Bezos, da Amazon, criou uma empresa de foguetes em 2002, chamada Blue Origina. Musk criou a SpaceX em 2002. Dois anos depois, se encontraram em um jantar: "Eu realmente fiz o meu melhor para lhe dar bons conselhos, que ele ignorou completamente", disse Elon Musk após o encontro.
Em 2013, as coisas esquentaram quando a SpaceX tentou garantir exclusividade de uso da plataforma de lançamento da NASA e a Blue Origin tomou medidas legais contra essa possibilidade. Musk chamou a resposta do concorrente de desonesta e ainda conseguiu a licença desejada.
Meses depois, entraram em uma disputa ligada a registro de patentes e envolveram seus seguidores em longas discussões no Twitter. Desde então, as alfinetadas são comuns. "Jeff quem?", perguntou Elon Musk ao ser questionado sobre Bezos. Este por sua vez, criticou diversas vezes o plano de Elon Musk de colonizar Marte.
Recentemente, Musk disse que a Amazon o copiou quando lançou seu plano de internet via satélite e quando comprou a empresa de carros autônomos Zoox, e sugeriu que Jeff Bezos é muito velho e a Blue Origin muito lenda para fazerem progressos no campo espacial.
O CEO da Apple é outro que não se entende com o criador do Facebook. Eles têm trocado insultos nas redes sociais desde 2014, quando Cook afirmou que "quando um serviço é gratuito, você não é um cliente, é o produto". A resposta veio em uma tensa entrevista, na qual fez duras críticas e ironias contra a Apple.
A tensão entre eles aumentou ainda mais na sequência do escândalo envolvendo Facebook e Cambridge Analytica, que permitiu o vazamento de dados de 50 milhões de usuários da rede social, quando Cook provocou Zuckerberg nominalmente em uma entrevista. O CEO da Facebook ficou tão incomodado que obrigou os executivos da empresa a mudarem seus telefones para dispositivos Android.
"Tim Cook tem constantemente criticado nosso modelo de negócios e Mark já foi igualmente claro em suas discordâncias", disse o Facebook, em seu blog oficial em 2018.
Mais do que concorrentes, os CEOs do Facebook e do Twitter também têm uma rivalidade antigo para além do campo dos negócios.
A briga começou quando o Facebook foi criticado por não realizar checagem de fatos em anúncios de conteúdo político, como campanhas eleitorais. Dorsey, por sua vez, anunciou que esse tipo de propaganda não seria mais permitida no Twitter. "O alcance de mensagens políticas deve ser conquistado, não comprado", disse, antes de criticar o argumento de Zuckerberg sobre "liberdade de expressão".
Desde então, Zuckerberg não tem poupado críticas ao Twitter e ao seu CEO, a ponto de deixarem de seguir um ao outro nas redes sociais.