Windows XP: sistema deixou de receber updates de segurança da Microsoft, colocando usuário em risco (Microsoft/Reprodução)
Victor Caputo
Publicado em 15 de maio de 2017 às 15h51.
Última atualização em 15 de maio de 2017 às 17h51.
São Paulo – O ataque hacker iniciado na última sexta-feira ainda ressoa no mundo. Explorando uma vulnerabilidade do Windows, o vírus WannaCry bloqueou acesso a computadores em grande parte do mundo. Ele exigia um resgate, a ser pago por meio da moeda virtual bitcoin, de 300 dólares.
A vulnerabilidade já havia sido corrigida pela Microsoft em uma atualização disponibilizada para download em março deste ano. É desnecessário dizer que nem todos realizaram atualizações em seus sistemas Windows.
Mas o problema vai além dos maus hábitos de atualização de segurança praticados por divisões de TI ao redor do mundo. A atualização havia sido liberada apenas para as versões do Windows que ainda contam com suporte por parte da Microsoft.
Windows XP, Windows 8 e Windows Server 2003 não figuram mais na lista de versões que recebem atualizações com frequência. O caráter extraordinário da situação, no entanto, fez com que a Microsoft preparasse a atualização de segurança também para estas três versões.
"Estamos tomando o passo muito pouco usual de prover um update de segurança para proteger todas as plataformas Windows", escreveu a Microsoft em um comunicado.
De acordo com a empresa, usuários do Windows 10, a versão mais recente do sistema operacional, não foram foco dos ataques. Mas as proporções que o cenário atingiu mostram que o uso de versões antigas do Windows é maior do que era de se esperar.
O site da Net Applications mostra que, apesar de bastante antigo, o Windows XP é o terceiro sistema operacional mais usado ao redor do mundo em computadores e notebooks, com 7,04% da fatia de mercado. O sistema foi lançado em outubro de 2001. Um cálculo feito pelo site Business Insider estima que existam 140 milhões de PCs rodando o Windows XP ao redor do mundo.
Uma análise publicada pela empresa de segurança digital Kaspersky, em abril do ano passado, mostrava que caixas eletrônicos são extremamente vulneráveis a ataques hackers. A maioria deles usa como sistema operacional o Windows XP.
A NHS, órgão de saúde do Reino Unido e um dos mais afetados pelo ciberataque de sexta-feira, usa o Windows XP em 90% de seus computadores.
No New York Times, a colunista Zeynep Tufekci, uma “socióloga digital”, discute se a Microsft está certa ao parar de dar suporte grátis a versões antigas do Windows. “Empresas como a Microsoft deveriam descartar a ideia de que elas podem abandonar usuários de software antigo”, escreve Tufekci.
Independente da opinião de alguns, no entanto, o sistema não tem mais suporte, ponto final. Mesmo assim, o XP ainda é bastante usado. De acordo com uma pesquisa da Spiceworks vista pela Wired, metade das empresas ao redor do mundo conta com ao menos uma máquina rodando Windows XP.
A escolha por continuar usando o sistema pode ser por conta do alto custo para fazer update nas máquinas ou para facilitar a integração com programas de computador mais antigos e ainda usados em diversos setores.
Para usuários domésticos, a mudança também é uma necessidade. Se argumentos como melhor performance não funcionam, o apelo pela segurança talvez faça diferença. Afinal, ao longo dos próximos anos, explorar falhas de versões antigas do Windows, principalmente do XP, podem se tornar um dos passatempos preferido de criminosos virtuais.