Tecnologia

China ameaça retaliação econômica ao Japão caso país imponha mais restrições aos chips chineses

Pressão dos EUA para aliança com Tóquio em novas regras de semicondutores pode gerar reação econômica severa da China

Estados Unidos têm pressionado o Japão para impor restrições na venda de ferramentas avançadas para a China. (Maurice Tsai/Bloomberg/Getty Images)

Estados Unidos têm pressionado o Japão para impor restrições na venda de ferramentas avançadas para a China. (Maurice Tsai/Bloomberg/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 2 de setembro de 2024 às 09h18.

Última atualização em 2 de setembro de 2024 às 13h29.

A tensão entre China e Japão em torno das exportações de semicondutores está em um ponto crítico, com Pequim ameaçando retaliação econômica caso Tóquio imponha novas restrições à venda e manutenção de equipamentos de fabricação de chips para empresas chinesas. As advertências chinesas complicam os esforços liderados pelos Estados Unidos para isolar a China das tecnologias avançadas. As informações são da Bloomberg.

Recentemente, altos funcionários chineses deixaram clara essa posição em encontros com seus colegas japoneses, de acordo com fontes próximas às negociações. Uma preocupação específica em Tóquio, expressa pela Toyota, é a possibilidade de que a China restrinja o acesso do Japão a minerais críticos, fundamentais para a produção automotiva.

A Toyota, que desempenha um papel significativo na política de semicondutores do Japão, tem investido em um novo campus de chips da Taiwan Semiconductor Manufacturing em Kumamoto. As preocupações da empresa refletem a importância do setor automotivo para a economia japonesa e aumentam a cautela das autoridades em Tóquio.

Imposição americana

Os EUA têm pressionado o Japão para que imponha restrições adicionais à capacidade de empresas como Tokyo Electron de vender ferramentas avançadas de fabricação de chips para a China. Em paralelo, autoridades americanas têm buscado garantir que haja um fornecimento adequado de minerais críticos para o Japão, especialmente após a China ter imposto restrições às exportações de gálio, germânio e grafite no ano passado.

O histórico do Japão em lidar com tais questões remonta a 2010, quando a China suspendeu temporariamente as exportações de terras raras para o país após um confronto no Mar da China Oriental. O episódio expôs a vulnerabilidade da indústria eletrônica japonesa e levou Tóquio a buscar, com sucesso parcial, reduzir sua dependência dessas importações chinesas.

Apesar da confiança da administração Biden em alcançar um acordo com o Japão até o final deste ano, os EUA têm a opção de recorrer à "foreign direct product rule" (FDPR), uma medida que permite a Washington controlar vendas de produtos fabricados em qualquer parte do mundo que usem tecnologia americana, ainda que mínima.

Embora os EUA prefiram uma solução diplomática, a possibilidade de utilizar o FDPR não está descartada. As negociações são ainda mais complicadas pela proximidade das eleições presidenciais americanas e a planejada renúncia do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, mas autoridades americanas acreditam que a mudança na liderança em Tóquio não deve afetar as discussões, dada a concordância já existente entre as autoridades japonesas.

O Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão não comentou sobre as negociações, enquanto a Toyota se limitou a afirmar que considera constantemente as melhores estratégias de aquisição para atender seus clientes. A China, por sua vez, continua a se opor firmemente aos esforços de qualquer nação para politizar o comércio normal e pressionar outros países a se unirem a um bloqueio tecnológico contra ela.

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