Tecnologia

CEO da AWS, da Amazon, sugere demissão para quem discordar de retorno presencial

Ele reforçou que a mudança busca aumentar a colaboração, inovação e conexão entre os trabalhadores

Matt Garman, CEO da AWS, defende o retorno presencial e sugere que funcionários insatisfeitos busquem outras oportunidades. (Noah Berger / Amazon/Divulgação)

Matt Garman, CEO da AWS, defende o retorno presencial e sugere que funcionários insatisfeitos busquem outras oportunidades. (Noah Berger / Amazon/Divulgação)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 06h35.

O CEO da Amazon Web Services (AWS), Matt Garman, defendeu publicamente a nova política da companhia que exige o retorno dos funcionários ao trabalho presencial cinco dias por semana, sugerindo que aqueles que não concordam com a medida podem procurar emprego em outra empresa. A política, que começará a vigorar em janeiro de 2025, gerou polêmica interna e revolta nas redes sociais, especialmente entre funcionários que criticam o deslocamento diário e questionam a efetividade de trabalhar no escritório em tempo integral.

Durante uma reunião geral da AWS, reportada pela Forbes, Garman afirmou que 90% dos funcionários com quem conversou apoiam o retorno total ao escritório. Ele reforçou que a mudança busca aumentar a colaboração, inovação e conexão entre os trabalhadores, aspectos que, segundo ele, são mais difíceis de atingir no trabalho remoto. "Sei que nem todos estão empolgados com essa mudança", disse o executivo, reconhecendo as discordâncias, mas reforçando que a postura da empresa é clara e que os funcionários que não quiserem se adaptar podem pedir demissão.

Postura rígida em meio a um setor flexível

A decisão da Amazon vai na contramão de muitas outras grandes empresas de tecnologia, como Google, Meta e Microsoft, que têm políticas mais flexíveis, permitindo o trabalho presencial de dois a três dias por semana. Até recentemente, a própria Amazon permitia o modelo híbrido, exigindo que os funcionários comparecessem ao escritório três vezes por semana. Contudo, o CEO da Amazon, Andy Jassy, anunciou em setembro que, a partir de janeiro, o trabalho presencial seria obrigatório de segunda a sexta-feira.

Jassy destacou que a inovação e a colaboração são melhor realizadas presencialmente, justificando a nova política. A decisão, no entanto, causou desconforto entre muitos empregados, que criticaram a imposição. Alguns funcionários que não estavam cumprindo a política de três dias presenciais tiveram seus acessos bloqueados e foram informados de que estavam "se demitindo voluntariamente".

Impacto nos funcionários e cultura da empresa

Garman reconheceu que o retorno ao escritório não agradará a todos, mas ressaltou que a medida está alinhada com os princípios de liderança da Amazon, que guiam as operações da empresa. Ele destacou que esses princípios, como o "discorde e se comprometa" — onde os funcionários têm espaço para expressar suas opiniões contrárias, mas devem seguir a decisão da liderança —, são difíceis de praticar plenamente em um ambiente remoto. "Você não consegue internalizar esses valores apenas lendo no site; é preciso vivenciá-los no dia a dia", disse Garman, sugerindo que o ambiente presencial favorece uma maior imersão nos valores e nas metas da empresa.

Ele também apontou que discussões de alta relevância, como discordâncias estratégicas, são mais desafiadoras de serem conduzidas remotamente. "Não sei se vocês já tentaram discordar via uma chamada do Chime", brincou Garman, referindo-se à ferramenta de videoconferência interna da Amazon. "É muito difícil."

Reação dos funcionários e perspectiva para o futuro

A reação à nova política tem sido mista. Enquanto alguns apoiam o retorno total ao escritório, outros funcionários consideram o deslocamento desnecessário e ineficaz, especialmente em um setor que provou ser capaz de funcionar remotamente durante a pandemia. Nas redes sociais e em plataformas internas da empresa, como o Blind, muitos empregados expressaram frustração com a medida, enquanto outros aceitaram a necessidade de se adaptar.

Com a Amazon sendo o segundo maior empregador privado do mundo, atrás apenas do Walmart, essa política mais rígida pode ter um impacto significativo na retenção de talentos, especialmente em um setor onde a flexibilidade tem se tornado uma característica desejada por muitos profissionais. A empresa, no entanto, parece comprometida com sua visão de um ambiente de trabalho presencial, apostando que a medida trará melhores resultados no longo prazo.

Acompanhe tudo sobre:AmazonHome officeGoogleMetaMicrosoft

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes