CEO da Apple, Tim Cook, durante a apresentação do novo iPhone 6 (Justin Sullivan / Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2014 às 17h27.
O CEO da Apple, Tim Cook, disse que a apresentação do iPhone 6 e do iPhone 6 Plus no fim de semana foi o “melhor lançamento já realizado”. Talvez ele tenha falado cedo demais.
Apenas três dias depois de anunciar que a Apple vendeu o recorde de 10 milhões de novos iPhone durante o fim de semana de estreia, Cook enfrentou diversos contratempos por causa dos aparelhos de tela grande.
A companhia retirou uma nova atualização do software móvel, chamada iOS 8.0.1, depois que o programa fez com que algumas pessoas perdessem o serviço celular ontem.
Vários consumidores recorreram às mídias sociais para criticar o iPhone 6 Plus e o fato de que ele pode se dobrar se alguém sentar em cima do aparelho ou lhe aplicar pressão suficiente.
Os tropeços mancham esse que teria sido um lançamento cuidadosamente articulado, que deveria ter sido a marca distintiva de Cook na Apple.
Os executivos da companhia com sede em Cupertino, Califórnia, instigavam há meses o lançamento dos novos modelos de iPhone antes da estreia no dia 9 de setembro.
Os aparelhos provocaram uma demanda frenética: as compras antecipadas superaram a marca de 4 milhões, as vendas do fim de semana quebraram recordes e um mercado paralelo dos smartphones floresceu na China e no resto do mundo.
Agora, o lançamento do iPhone 6 e do iPhone 6 Plus está prejudicado, o que relembra os incidentes que Cook enfrentou com estreias de outros produtos.
No ano passado, o CEO se desculpou pelas políticas de garantia e conserto do iPhone na China depois das críticas feitas pela mídia estatal sobre o atendimento ao consumidor nesse mercado.
Em 2012, Cook também disse que lamentava o mau funcionamento do software de mapeamento da Apple, que apresentou falhas como orientações errôneas e localização imprecisa de pontos de referência.
Controle melhor
“Eu só queria que Tim Cook controlasse melhor as coisas”, disse Jason Nochimson, 34, dono de um iPhone 6.
Ele passou duas horas e meia ao telefone com o atendimento ao cliente da Apple ontem depois de fazer o download da atualização de software e descobrir que isso fez com que o parelho perdesse o serviço celular.
“Estava preocupado de que a escola de minha filha me ligasse e eu não pudesse atender”.
Os novos modelos de iPhone são essenciais para a Apple.
Os aparelhos geram mais da metade da receita anual da companhia, de US$ 171 bilhões, e precedem uma série de outros produtos, como novos iPad, um Apple Watch e um sistema de pagamento móvel chamado Apple Pay.
Embora Cook esteja enfrentando críticas dos consumidores sobre como ele encarou o lançamento do iPhone, essas questões podem ter um impacto pequeno sobre as vendas da Apple.
A demanda por novos aparelhos posiciona a empresa para vender mais de 61 milhões de unidades do iPhone no trimestre de dezembro, superando o recorde atingido no ano passado com a venda de 51 milhões, segundo a Barclays.
As vendas também devem melhorar – não desacelerar – à medida que os novos modelos estiverem disponíveis em mais países. No dia 19 de setembro, a Apple lançou os aparelhos em 10 países.
A companhia deve apresentar os dispositivos em outros 22 países no dia 26 de setembro. No total, os dois modelos estarão em 115 países até o fim do ano, disse a Apple.
Maré revoltada
A maré popular se voltou contra os novos iPhone 6 e iPhone 6 Plus no início da semana quando começaram a surgir as histórias de que o modelo maior, de 5,5 polegadas, se dobrava quando as pessoas se sentavam sobre ele.
Rivais, como o CEO da BlackBerry Inc., John Chen, desferiram um golpe no iPhone ontem, dizendo que “desafiaria alguém a dobrar o Passport”, referindo-se a um dos modelos da sua empresa.
Isso foi seguido por relatos de usuários ontem dizendo que a atualização do software iOS 8, lançada para resolver bugs anteriores e adicionar o aplicativo de monitoramento de saúde e de atividades físicas HealthKit, estava fazendo com que alguns clientes perdessem o serviço celular.
Embora as falhas técnicas não sejam incomuns nas atualizações de software, a Apple chama mais a atenção, disse Frank Gillett, analista da Forrester Research.
“A Apple é como um para-raios porque inspira muitas paixões positivas e negativas e também porque é uma empresa com uma marca global e um alcance internacional”, disse ele.