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Capital da tecnologia

São Paulo concentra as empresas selecionadas para receber investimentos da latina Eccelera

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h18.

O venezuelano Pedro Cordeiro, 41 anos, é presidente da Eccelera, holding de investimentos em tecnologia do Grupo Cisneros, um conglomerado que nasceu em Caracas e fatura hoje mais de 4 bilhões de dólares por ano com suas 70 empresas de mídia, entretenimento e telecomunicações espalhadas em 39 países. Formado em engenharia nuclear pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Cordeiro mudou-se para São Paulo há seis anos, como sócio da consultoria McKinsey. Convidado pelo Grupo Cisneros para dirigir a Eccelera, ele aceitou com uma condição: que a nova empresa instalasse sua sede em São Paulo. "Para fazer negócios, não há cidade melhor na América Latina", afirma. A Eccelera iniciou suas atividades em maio de 2000 com um fundo de 100 milhões de dólares para investimentos em empresas de tecnologia da América Latina. Desse total, restam ainda cerca de 85 milhões de dólares. "Estamos em busca de novas oportunidades", diz Cordeiro, em entrevista a EXAME SP:

Por que o senhor fez questão de estabelecer a sede da Eccelera em São Paulo?
O Grupo Cisneros cogitava instalar a sede em Miami ou Nova York, mas eu disse: "Se vocês querem que eu dirija a empresa, a sede precisa ser em São Paulo". Aqui é o grande centro financeiro e tecnológico da América Latina. É onde estão as empresas multinacionais que servirão de plataforma para a adoção das novas tecnologias. Há uma série de instituições educacionais e de pesquisa de reputação mundial. Além disso, se você consegue atender a uma empresa em São Paulo, fica fácil expandir para o resto do Brasil e, daí, para toda a América Latina.

A Eccelera já investiu em quantas empresas?
Investimos até agora em dez empresas no Brasil. Ainda não anunciamos publicamente o nome de três delas, o que devemos fazer até março. Das sete companhias anunciadas, cinco têm sede em São Paulo: Aberium, Digicall, Eccentia, Impactools e MaisAtivo. A predominância de empresas paulistanas reflete a importância de São Paulo como pólo tecnológico.

Quanto já foi investido?
Investimos, no total, cerca de 15 milhões de dólares nas dez empresas. O grupo tinha 100 milhões de dólares para aplicar em tecnologia na América Latina, dos quais 40 milhões em empresas jovens. Temos, portanto, muito fôlego ainda. Pretendemos desembolsar esse montante dentro de três a cinco anos, mas vai depender do surgimento de boas idéias. Não temos pressa. Muitos investidores se precipitaram no passado e cometeram um grande erro.

O que há em comum entre as empresas selecionadas?
São empresas com tecnologias que acreditamos ser válidas não só para o Brasil, capazes de ser expandidas mundialmente. Queremos criar a próxima geração de empresas multinacionais brasileiras. Entre nossas empresas, algumas já têm clientes no exterior, como a Impactools.

Qual é a participação da Ecceleram nas empresas?
Temos de 20% a 49% do capital. Queremos que os empreendedores mantenham o controle da empresa. Trabalhamos em conjunto com sua gerência para pensar as estratégias de expansão. Damos nosso apoio também na busca de novas oportunidades de negócios.

Onde a Eccelera procura as empresas para investir?
Garimpamos as idéias em lugares como universidades, grandes organizações industriais e incubadoras. Desde o início das operações, recebemos 660 planos de negócio.

Como a derrocada das empresas ponto-com afetou as operações da Eccelera?
O impacto foi mais positivo do que negativo. A crise está filtrando os empreendedores. Antes, eles chegavam com um pedaço de papel, diziam que aquilo era um plano de negócio e pediam 10 milhões de dólares. Agora as pessoas são mais sérias, conhecem melhor o mercado. A chance de o negócio dar certo é maior.

O sócio do telefone

A Digicall, empresa paulistana de serviços de telecomunicações, tem o que o venezuelano Pedro Cordeiro, da Eccelera, diz ser essencial para receber investimentos da holding: um produto com potencial para ser exportado. "A Digicall é dona de uma tecnologia que ninguém mais tem no mundo", afirma Cordeiro. O produto é o AlarmPhone, um aparelho telefônico com 22 funções inteligentes e um sistema de alarme silencioso. O aparelho foi desenvolvido pelo engenheiro eletrônico Pedro Drummond, que fundou a Digicall em 1999. "Eu tinha um produto pronto, mas precisava de apoio para deslanchar", diz Drummond. O empurrão veio da Eccelera, que se tornou sócia da Digicall em outubro de 2000. Até agora, a empresa recebeu 2 milhões de dólares de investimento.

O AlarmPhone vem com um sensor infravermelho de presença. Ao detectar a invasão de um estabelecimento ou residência, o telefone chama a central de monitoramento a distância da Digicall, onde operadores em plantão 24 horas por dia tomam as providências determinadas previamente pelo cliente -- por exemplo, avisar o vizinho ou chamar a polícia. A engenhoca tem outras funções. O cliente em trânsito pode ligar de seu celular para ouvir o ambiente onde está o aparelho. É uma função útil para vigiar a babá do filho sem ela saber -- mas há o risco de ouvir coisas capazes de arruinar um casamento. A Digicall cobra uma taxa de adesão de 180 reais e mensalidade de 39,90 reais. A empresa tem 3 mil clientes. A expectativa é chegar a 200 mil em cinco anos. Como será possível dar o grande salto? Uma das idéias é vender os aparelhos a operadoras de telefonia, que os distribuiriam gratuitamente para fidelizar os usuários. O AlarmPhone teria os códigos das operadoras pré-programados, para que os usuários não precisassem digitá-los nas ligações interurbanas. Drummond negocia a venda do AlarmPhone com quatro operadoras.

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