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Calçada para viciados em celular gera polêmica na China

Já se multiplicaram as críticas por sua "pouca utilidade", sua "irresponsabilidade por estimular uma maior dependência" ou até sua localização

Casal anda na primeira calçada para usar celulares na China, instalada no município de Chongqing (REUTERS/China Daily)

Casal anda na primeira calçada para usar celulares na China, instalada no município de Chongqing (REUTERS/China Daily)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 06h52.

Pequim - Os chineses já têm um lugar seguro pelo qual caminhar sem ter de parar suas conversas no telefone e em aplicativos de bate-papo: a pista exclusiva para celulares da cidade de Chongqing, uma ideia recém estreada que já está gerando polêmica e críticas.

Trata-se da primeira via oficial instalada em uma cidade para pessoas "viciadas" em celular, aquelas que caminham sem afastar a cabeça de seu aparelho ou com os olhos vidrados na tela e com risco de chocar-se com outras pela calçada.

A ideia nasceu de uma empresa local, a Meixin, que viu a oportunidade de fazer negócio quando o canal americano "National Geographic" "pintou" vias similares na cidade de Washington em uma espécie de experimento sociológico.

A empresa não duvidou em dar mais um passo e implementar a iniciativa de forma permanente na China, onde 700 milhões de seus mais de 1,3 bilhão de habitantes já contam com um telefone celular e as taxas de consumo de internet nestes aparelhos são das mais elevadas (158 minutos por dia, enquanto a média mundial se situa em 117, segundo um estudo de 2013 divulgado por um meio oficial chinês).

"Hoje em dia, com o desenvolvimento dos smartphones, é muito comum que as pessoas aqui joguem no celular enquanto caminham, portanto imitamos a "National Geographic" e decidimos oferecer esta via especial em nossa cidade", explicou à imprensa Lu Xiaoqing, um representante da Meixin.

O projeto da calçada exclusiva segue o estilo de uma ciclovia: por meio de marcas no solo, neste caso, de cor branca, que dividem uma calçada empedrada em duas.

De um lado está o desenho de um celular dentro do sinal de proibição e com as frase "Sem Celular" em caracteres chineses e em inglês, enquanto no outro, aparece a indicação "Telefones por esta via, sob sua própria responsabilidade", também em ambos idiomas e com o desenho de um aparelho gigante.

O passeio mede 50 metros e fica em uma ponte que cruza uma das áreas mais turísticas desta cidade, pela qual caminham mais de cinco milhões de moradores.

Como previram seus criadores, a polêmica não demorou em chegar, e menos de uma semana desde seu lançamento, já se multiplicaram as críticas por sua "pouca utilidade", sua "irresponsabilidade por estimular uma maior dependência" ou até sua localização.

"Está localizada ao lado de uma estrada, se as pessoas não têm cuidado e ainda são encorajadas a não olhar por onde vão pode se transformar em um ponto negro", opinou uma cidadã de Chongqing na rede social Weibo, o Twitter chinês.

Assim como ela, outros analistas locais e jornalistas também expunham suas dúvidas sobre os riscos.

"A China é um país com um grande número de viciados em videogames, e agora lhes incentivamos a seguir jogando enquanto caminham?", lamentou um analista na televisão de Chongqing.

"A via para celulares tem mais sentido simbólico que real", opinou Ren Qiliang, um catedrático que destoou da seriedade das análises e talvez tenha descoberto o segredo do controvertido projeto.

"Trata-se de diversão e de publicidade. Para turistas. Os turistas que Chongqing vai ganhar com todos nossos comentários na internet", sentenciou. 

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