As investigações giram em torno de três acidentes que ocorreram nos últimos 18 meses (Sputnik/AFP)
Redatora
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 10h37.
Última atualização em 20 de janeiro de 2025 às 10h40.
Oficiais de inteligência dos Estados Unidos e da Europa afirmam que danos a cabos submarinos provocados no últimos 18 meses foram resultado de acidentes, e não sabotagem russa, reportou o The Washington Post.
A investigação avalia três acidentes em que navios que iam ou voltavam da Rússia fora acusados de causar danos severos a rede de cabos submarinos que transporta gás, eletricidade e tráfego de internet para milhões de pessoas no nordeste da Europa.Autoridades acreditavam que os danos poderiam fazer parte da estratégia russa de ataques híbridos ao Velho Continente e afirmavam que os danos tinham padrão de uma agressão russa. Isso resultou em medidas de segurança, como o anúncio da semana passada de que a Otan iria lançar uma nova patrulha e operação de vigilância no Mar Báltico. A Rússia negou as acusações, o que foi visto com ceticismo pela Europa.
Até o momento, porém, faltam indicativos de que os navios provocaram prejudicaram os cabos de forma intencional ou sob o comando de Moscou. A evidência reunida até o momento, que inclui, por exemplo, comunicação interceptada – aponta que os acidentes foram causados por inexperiência da tripulação e embarcações com manutenção ruim.
Em um dos casos mais recentes, um petroleiro foi acusado de arrastar sua âncora por uma linha de transmissão submarina que conecta a Finlândia à Estônia. A Finlândia apreendeu o transporte sob o argumento de que o navio fazia parte de uma "frota da sombra", que estariam ajudando a Rússia a vender petróleo em mercados globais, apesar das sanções contra o país.
Outros casos envolvem um rompimento do duto de gás no Golfo da Finlândia em 2023 por um navio de container de Hong Kong, bem como um navio chinês que cortou dois cabos de dados em águas da Suécia em novembro de 2024.
Alguns especialistas afirmam que o danos provocados aos cabos submarinos se encaixam em um padrão de agressão da Rússia. Críticos à Rússia rejeitaram a ideia de que os casos foram apenas acidentes.
O representante da Finlândia no Parlamento Europeu, Pekka Toveri, que já serviu como oficial de inteligência militar no país, ressaltou que a plausabilidade da negação é o mais importante em operações híbridas. Para ele, a Rússia pode ter sido bem sucedida em "não deixar prova que se sustente em um tribunal".
Oficiais de segurança da Europa desconfiam que a Rússia utilizou proxies para ataques incendiários, interrupções ferroviárias e pequenas operações de sabotagem com o objetivo de minar o apoio europeu à Ucrânia. Também já houve acusações de que a Rússia teria pleanejado colocar dispositivos incendiários em aviões de carga.
Além disso, autoridades dos Estados Unidos alertaram a Alemanha para um plano de Moscou de assassinar o chefe executivo de uma das maiores produtores de armas da Europa que pretendia construir uma fábrica de armamentos na Ucrânia.