Cristiano Amon: formado na Unicamp, o engenheiro elétrico brasileiro comandará a gigante das telecomunicações a partir de junho (Germano Lüders/Exame)
Filipe Serrano
Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 10h59.
Última atualização em 5 de janeiro de 2021 às 11h30.
O executivo brasileiro Cristiano Amon foi nomeado nesta terça-feira, 5, o novo CEO mundial da Qualcomm, fabricante americana que é uma das líderes em componentes e equipamentos para smartphones e redes de telecomunicações. Amon substituirá o atual CEO Steve Mollenkopf a partir de 30 de junho de 2021. Mollenkopf está no cargos desde 2014 e trabalhava na Qualcomm há 26 anos. De acordo com a empresa, ele decidiu se aposentar.
Amon, de 50 anos, já atua como presidente da companhia desde 2018 e trabalha na empresa desde 1995, onde começou como engenheiro. Ele foi eleito pelo conselho de administração para suceder Steve Mollenkopf. Atualmente ele é responsável pela unidade de semicondutores da Qualcomm, que inclui a área de celulares, de “front end” de radiofrequência, soluções automotivas e de internet das coisas. Ele também lidera as operações globais da Qualcomm.
Amon é fez graduação e doutorado em engenharia elétrica na Unicamp e se mudou para os Estados Unidos nos anos 1990.
“Estou honrado por ser nomeado o próximo CEO da Qualcomm e agradeço a confiança que Steve e a diretoria têm em mim”, disse Amon, em comunicado da empresa.
Steve Mollenkopf, CEO da Qualcomm, afirmou: “Cristiano liderou o desenvolvimento de nossa estratégia 5G (..). Ele também foi um arquiteto importante e impulsionador da estratégia da Qualcomm de expandir e diversificar nossos negócios além dos dispositivos móveis e em novos segmentos da indústria (...). A Qualcomm está bem posicionada para o futuro e estou confiante de que, com Cristiano como CEO, a empresa continuará a inventar tecnologias de ponta e a criar valor para todos os nossos acionistas.”
Em entrevista para a EXAME, em 2019, Cristiano Amon falou que o 5G tem uma importância estratégica para os países, porque deve impulsionar uma nova era nos negócios e na economia.
“O 5G virou um assunto de importância estratégica para os governos porque não se trata apenas de transmitir dados dos usuários, mas de máquinas, de indústrias. É o que vai fazer diferença se um país vai ter empresas competitivas ou não. É por isso que nenhum país quer ficar para trás”, afirmou, na época.
Sobre a sua saída do Brasil para viver nos Estados Unidos, ele falou que o mercado de trabalho na indústria de telecomunicações diminuiu nos anos 1990, depois do fim da reserva de mercado e muitos profissionais como ele saíram do país para trabalhar no exterior.
“A indústria parou de se desenvolver e muitos saíram do país. Sou parte dessa diáspora dos anos 90. Muita gente da minha turma da Unicamp está fora, porque não havia oportunidades para trabalhar na área de pesquisa e de tecnologia de ponta”, disse.
Fundada em 1985, nos Estados Unidos, a Qualcomm se especializou no desenvolvimento e fabricação de componentes eletrônicos, softwares e serviços de telecomunicações, voltados principalmente para a telefonia celular. Ela é responsável pelos famosos chips Snapdragon, que reúnem uma série de componentes (como CPU, GPU, modem) em um único processador e são usados em diversos modelos de smartphones. No ano fiscal de 2020, encerrado em setembro, a empresa teve um faturamento de 23,5 bilhões de dólares, uma queda de 3% em relação ao ano anterior.