Tecnologia

Brasileiro cria sistema para cadeira de rodas 'movida a sorrisos'

Kit pode ser adaptado para qualquer cadeira de rodas motorizada em alguns minutos

Por enquanto, o que há disponível no mercado é uma versão protótipo (Steve Marcus/Reuters)

Por enquanto, o que há disponível no mercado é uma versão protótipo (Steve Marcus/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 19h52.

Las Vegas - Um sorriso pode fazer o mundo se mover - ou, ao menos, movimentar uma cadeira de rodas. É nisso que acredita o cientista brasileiro Paulo Pinheiro, fundador da startup Hoobox Robotics: desde 2016, a empresa trabalha no desenvolvimento do Wheelie, uma plataforma que permite cadeirantes controlarem seus veículos a partir de expressões faciais, como um levantar de sobrancelhas, colocar a língua para fora da boca ou até mesmo mandar um beijinho.

Exibido na semana passada durante a Consumer Electronics Show (CES), feira de tecnologia que ocorreu em Las Vegas, o Wheelie foi um dos destaques do estande da Intel, parceira de Pinheiro no desenvolvimento do projeto. O sistema consiste em uma câmera e em um computador de bordo. Juntos, eles são capazes de entender as expressões do usuário e transformá-la em comandos específicos para a cadeira de rodas.

Segundo Pinheiro, a plataforma é capaz de entender pelo menos dez gestos faciais diferentes - embora o sistema precise apenas de cinco (esquerda, direita, ir para a frente, ir para a trás e parar a cadeira) para comandar o veículo. "O kit pode ser adaptado para qualquer cadeira de rodas motorizada em apenas sete minutos", explica.

De acordo com o fundador da Hoobox, as outras funções podem ser customizadas pelo usuário para, em conjunto com a assistente pessoal Alexa, da Amazon, realizar comandos dentro de uma casa conectada, como ligar a televisão, acender lâmpadas ou abrir e fechar cortinas.

O projeto surgiu como fruto da pesquisa de Paulo Pinheiro em seu pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na área de visão computacional. Ele teve a ideia para o projeto quando estava em um aeroporto. "Vi uma menina paraplégica: ela não era capaz de mover a cadeira de rodas, mas tinha um sorriso lindo. Foi aí que eu tive o estalo que precisava", conta o empreendedor.

Estrutura

Hoje, a Hoobox tem 11 funcionários, divididos entre Brasil e EUA. No País, a equipe da empresa fica alocada dentro do Hospital Albert Einstein, que realizou em 2017 uma rodada de investimento-semente na startup. Já nos EUA, o time da empresa tem base em Houston, dentro do laboratório de inovação da Johnson & Johnson, desenvolvendo áreas como design, usabilidade e segurança.

Em Las Vegas, a Hoobox busca gerar interesse para a captação de uma segunda rodada de aportes, avaliada em US$ 2,5 milhões - os recursos serão utilizados para que a empresa desenvolva a versão final de seu produto.

Por enquanto, o que há disponível no mercado é uma versão protótipo, que a empresa envia a pacientes e centros de saúde. Para faturar, a Hoobox cobra uma assinatura mensal de US$ 300 pelo serviço, utilizado por hospitais e também pelo usuário final. "Queremos entregar 3 mil kits para consumidores nos próximos meses", afirma Pinheiro.

De acordo com o executivo, outro mercado em potencial da startup são cuidadores de saúde - nos últimos meses, a Hoobox fechou acordo com duas empresas de cuidadores da Califórnia, que pagam uma assinatura só mas utilizam a solução da empresa em diversos pacientes.

Acompanhe tudo sobre:empresas-de-tecnologia

Mais de Tecnologia

WhatsApp volta ao normal depois de parar de funcionar em vários países

Pequim anuncia plano para avanço em inteligência incorporada

WhatsApp fora do ar? App de mensagens apresenta instabilidade nesta sexta-feira

Google faz novos cortes de funcionários e atinge setores de IA, Cloud e segurança