Tecnologia

Bloqueio do Telegram e WhatsApp é comum no Brasil, Ásia e África, aponta estudo

Restrições do tipo já afetaram as comunicações de mais de 5 bilhões de pessoas desde 2015 — cerca de 3,3 bilhões de pessoas lidam com a suspensão de apps atualmente, principalmente em países asiáticos

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 28 de abril de 2023 às 16h05.

Última atualização em 28 de abril de 2023 às 16h50.

ordem da Justiça na quarta-feira, 26, para suspender o Telegram foi tomada porque a empresa do aplicativo de mensagens não entregou à Polícia Federal todos os dados sobre grupos neonazistas que estão sob investigação. 

Contudo, ainda que haja o pretexto judicial por trás da medida, decisões que afetam o funcionamento geral de serviços de comunicação são comuns em governos pouco ou não democráticos, aponta estudo feito pela Surfshark, empresa de serviços de VPN e segurança digital.

Segundo o levantamento, muitas das vezes se recorre à censura na internet para controlar a narrativa pública em questões políticas sensíveis e impedir a disseminação de notícias. Entre 196 países analisados pelo levantamento, 53 impuseram restrições a aplicativos de mensagens desde 2015.

O estudo elencou que, em todos os casos, incluindo cinco bloqueios no Brasil, foram motivados em algum nível por interesses políticos.. Na lista, ao lado do Brasil, países da África e Ásia são os que lideram com mais suspensões de apps.

Países que já bloquearam apps de mensagem: levantamento considerou 196 nações (Surfshark/Reprodução)

Quantas pessoas foram afetadas por bloqueios de apps de mensagens?

Os efeitos do bloqueio de mensageiros já afetaram mais de 5 bilhões de pessoas desde 2015 — dois terços da população mundial.

Cerca de 3,3 bilhões de pessoas são afetadas atualmente, principalmente em países asiáticos.

Com isso, dois terços da população asiática atualmente vivem sob restrições de aplicativos de mensagens.

Qual é o aplicativo de mensagens mais censurado?

O WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais censurado - 48 dos 53 países que impuseram restrições a aplicativos de mensagens visaram essa plataforma.

O Telegram foi restrito por metade desses países, e 38% visaram outros serviços de mensagens, como Skype, Viber, Signal ou apps similares.

Abaixo outros destaques do levantamento:

  • Protestos causaram 32% dos casos, enquanto 14% foram devido a eleições e 13% foram devido às leis de internet de um país; 41% dos casos foram devido a outros tipos de turbulência política, como operações militares
  • Dois países restringiram aplicativos no passado por sua recusa em comprometer-se com a criptografia de ponta a ponta.
  • A Rússia baniu o Telegram (Tribunal de Moscou proíbe aplicativo de mensagens Telegram, 2018), e o Brasil baniu o WhatsApp (Proibição do WhatsApp acende temores de censura no Brasil, 2016) por se recusar a permitir que agências governamentais acessem dados do usuário.
  • O Reino Unido pode se tornar um novo integrante da lista - o parlamento do país está atualmente considerando o Projeto de Lei de Segurança Online, que, se aprovado, exigiria que os aplicativos escaneassem as conversas do usuário em busca de material ilegal, impedindo a criptografia de ponta a ponta, que protege as mensagens (WhatsApp pode em breve ser ilegal no Reino Unido, 2023)

Interesse por VPN dispara quando apps são bloqueados

O banimento temporário do Telegram no Brasil gerou um aumento significativo (260%) na busca por redes privadas virtuais, as VPNs, que permitem o acesso aos apps mesmo com corte de acesso via telefônicas. 

Segundo dados do Surfshark, as buscas tanto pelo Telegram quanto pelas VPNs cresceram simultaneamente, com os termos "Telegram" e "VPN" aparecendo no Google Trends.

Esse aumento nas buscas começou antes mesmo da suspensão do aplicativo e aumentou consideravelmente após o anúncio do banimento pela justiça brasileira.

De acordo com o Surfshark, as buscas por VPNs subiram quase quatro vezes em comparação com a média dos últimos sete dias, enquanto as buscas pelo Telegram aumentaram mais de cinco vezes.

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