O BlackBerry Z10 (©afp.com / Mario Tama)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Montreal - Dada como morta por muitos analistas, a empresa canadense BlackBerry aposta no design e na inovação de seu novo sistema operacional, BB10, para recuperar terreno frente a outras fabricantes de smartphones, mas também para conquistar novos mercados.
Além do design de seu novo smartphone Z10, o primeiro BlackBerry com tela completamente sensível ao toque, a empresa fundada em 1984 confia em seu novo sistema operacional BB10 para recuperar seus consumidores que a trocaram pelos concorrentes, especialmente Apple e Samsung.
A nova plataforma criada pela QNX, uma companhia de Ottawa comprada pela BlackBerry por 200 milhões de dólares em 2009, foi desenvolvida em dois anos e não oferece nada semelhante a seus modelos anteriores. Começando pela navegação, que é feita sem nenhum botão de menu.
O desenho do sistema operacional BB10 permite a empresa canadense oferecer algo "muito diferente da Apple, o que é bom", disse Alexandre Cayla, estrategista da consultora Digito de Montreal.
Ao mesmo tempo, "as funcionalidades apreciadas por seus usuários mais fiéis" foram conservadas. Este é particularmente o caso do "Hub", que concentra as comunicações escritas, tanto mensagens recebidas nas redes sociais como por correio eletrônico.
Para o desenvolvimento de seu novo sistema operacional, o grupo canadense começou do zero. "Nenhuma linha de código é similar" ao que havia antes do BB10, destacou à AFP Frank Boulben, diretor de marketing.
"Nos perguntamos qual é o DNA do BlackBerry: a produtividade, a eficiência e a simplicidade", destacou Joseph Hofer, um dos designers que projetou o último telefone canadense.
Uma das reformas mais importantes introduzidas na empresa durante os mais de dois anos necessários para o desenvolvimento do BB10 e do Z10, um período que as ações do grupo caíram na bolsa, foi "organizar equipes" de forma que a interface e o hardware fossem projetados ao mesmo tempo, apontou Hofer. "Reinventamos a forma como trabalhamos".
No total, a empresa canadense conta com um time de uma centena de designers distribuídos pela Europa e América do Norte.
Com sua nova plataforma, a companhia com sede na região de Toronto quer ir em busca de novos mercados. Junto com os telefones e tablets, a BlackBerry quer que seu sistema operacional BB10 se aplique a outras ferramentas, disse recentemente o presidente do grupo, Thorsten Heins, a empresários canadenses.
"Criamos uma plataforma que pode se conectar a outros sistemas e transmitir a informação ao seu carro, a seu sistema de atenção à saúde onde você estiver", afirmou.
O software desenvolvido pela empresa QNX já está presente nos carros da Fórmula 1 da escuderia Mercedes, com a qual a BlackBerry acaba de se associar para a próxima temporada.
O grupo canadense projeta sua plataforma para "as áreas de futuro", destacou um porta-voz, acrescentando que os usos propostos vão desde a gestão energética, o transporte ferroviário, ao uso em casas e hospitais.
Esta estratégia constitui uma "mudança de direção", salientou o professor da Escola de Negócios da Universidade de Harvard nos Estados Unidos, Willy Shih, dizendo-se "cético" sobre as possibilidades de sucesso.
Certamente isto "reflete a necessidade de aumentar a taxa de penetração" da BlackBerry, argumentou. No entanto, "diversas falhas nas redes de BlackBerry continuam demonstrando que este enfoque não é convincente". Depois dos grandes problemas em todo o mundo no final de 2011, o grupo canadense foi repetidamente derrubado por cortes ou atrasos na conexão.
"(A empresa) necessita repensar a estratégia de seu sistema para responder a questão da confiabilidade de sua rede", que já foi a marca de fábrica da BlackBerry, concluiu Shih.