Black Friday: evento é oportunidade de garantir bons negócios, mas é preciso estar atento para golpes (SOPA Images / Colaborador/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 27 de novembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 12h39.
Se seguir o padrão do início do ano, a Black Friday de 2020 deve ser um recorde de compras no e-commerce. Com o isolamento causado pela pandemia, o primeiro semestre registrou um aumento de 47% no volume de compras feitas pela internet, segundo pesquisa Ebit/Nielsen feita em parceria com a bandeira de cartões Elo,
Esse aumento de demanda trouxe ainda muitos compradores de primeira viagem, que devem estar de olho nas promoções desta sexta-feira, 27.
Na data adotada no Brasil e que se tornou simbólica para o varejo, os descontos são muitas vezes irresistíveis e, exatamente por isso, o consumidor deve ficar de olho aberto para eventuais fraudes, produtos que não existem e sites falsos.
A EXAME separou um guia do que fazer e o que não fazer nesta Black Friday, de como se cuidar e do que evitar enquanto busca as melhores opções online.
Embora pagar por boleto ou transferência às vezes envolva um desconto maior, é preciso lembrar que essas são formas mais difíceis de reaver dinheiro caso haja necessidade de cancelar uma compra — seja por fraude, problemas no envio ou outro motivo.
Com os cartões de crédito, é mais simples realizar o cancelamento junto ao banco, evitando dores de cabeça. Este ano há o adicional do Pix, uma forma nova de pagar instantaneamente e ainda sem muitos relatos de como reaver dinheiro.
Para Tom Canabarro, diretor da Konduto, empresa especializada em evitar fraudes em compras online, pagar no cartão remove o risco de cair em alguma falsa promoção com desconto à vista no boleto bancário. “[Boleto e transferência] são meios de pagamento que não se consegue dinheiro de volta sem entrar na Justiça. Se tiver problema com a compra, e foi feita no cartão, basta ligar no banco que o dinheiro é devolvido”, afirma.
Outro cuidado é utilizar os cartões virtuais, disponíveis nos aplicativos de bancos. Essa funcionalidade permite gerar um cartão momentâneo, às vezes para uma única compra. Ele evita o comprometimento do cartão físico em casos de roubo de informações ou necessidade de cancelamento.
Lançado oficialmente há menos de um mês, o Pix é um meio de pagamento atrativo para quem não possui cartão de crédito, mas, apesar disso, é preciso tomar cuidado. Por ser um novo método, ele traz novas preocupações no universo digital, como o phishing, ou pescaria digital, crime no qual o usuário é enganado e compartilha informações pessoais com terceiros. "O consumidor deve ficar atento pois ele é o elo mais fraco da corrente. O maior risco é um fraudador assumir a identidade de uma pessoa", afirma Caio Telles, CEO da BugHunt, plataforma brasileira de recompensa por identificação de falhas em sites.
Para Rodrigo Furiato, diretor de carteira digital do Mercado Livre, a adição do Pix como forma de pagamento neste ano poderá impactar positivamente as vendas no e-commerce. Isso porque, segundo ele, a nova função dos bancos aumenta o número de consumidores em potencial nesta Black Friday. "A população que não tem acesso ao cartão de crédito nunca teve uma experiência boa para comprar online. Ela emite o boleto, mas até pagar, o estoque pode ter acabado", diz.
Se for utilizar o Pix, é importante conferir os dados da transação, uma vez que a transferência do Pix é irreversível. É importante ainda ter em mente que o cadastro de chaves é feito exclusivamente nos aplicativos das próprias instituições financeiras (como Bradesco e Itaú), não confie em links levando a falsos cadastros do Banco Central. O BC não possui um app ou site exclusivo para realizar o cadastramento das chaves.
Outro ponto levantado pelo Banco Central são os pagamentos de boletos via Pix. Ele só poderá ser feito se no documento houver um QR Code, e não com o código de barras — a modalidade ainda não foi lançada, então estranhe se alguma loja online oferecer essa opção de pagamento de boleto.
De acordo com especialistas, outro cuidado essencial a se tomar é conferir se o site onde a compra está sendo realizada é verídico. Ir até promoções enviadas por e-mail, mensagem, WhatsApp ou por links encontrados em redes sociais pode ser perigoso.
“Na Black Friday o que acontece muito é site falso, com promoções muito abaixo da média. Geralmente são sites onde não se aceita cartão de crédito, só boleto ou só transferência”, diz Canabarro, da Konduto.
Para o especialista, é preciso desconfiar quando “a esmola é demais” e também ter um comportamento mais ativo nas compras durante o período: caso precise emitir um boleto, por exemplo, é recomendado ir até o site da varejista e acessar o documento por lá, no painel "Meus Pedidos" da loja, evitando informações que chegam por e-mail ou mensagem.
Prefira sites que você já conhece ou que tenham notoriedade no mercado. Caso não conheça o domínio, use e abuse de ferramentas como o Reclame Aqui e leia a opinião de outras pessoas na internet, pesquisando se a loja é real e se efetua as entregas dentro do prazo.
"[Antes de clicar em um link] aconselhamos que o consumidor digite o endereço na barra do navegador e busque o mesmo produto dentro da loja. Também jamais forneça dados em sites que não conheça", diz Telles.
Verificar o certificado de criptografia (o cadeado na barra de endereço) do site e se certificar que ele pertence ao endereço que está buscando fazer compras também é recomendado.
O Procon, inclusive, tem uma lista com mais de 300 sites que você não deve usar na hora de fazer compras. A Axur, uma empresa de monitoramento e reação a riscos digitais, lançou o possoconfiar.com.br, serviço que permite consultar se um determinado site é uma tentativa de golpe.
Caso for utilizar aplicativos, baixe sempre nas lojas oficiais, a Play Store para Androids, ou App Store para iOS.
Para ter certeza de que você não está sendo enganado com ofertas que parecem uma boa na teoria (um desconto enorme sobre um preço ainda maior), use sites de comparação de preços, como o Zoom, o JáCotei e o Bondfaro. Eles também valem como agregadores, para saber em qual site está a melhor opção, além de garantir descontos em algumas lojas quando são direcionados a partir deles.
Para Fernando Capez, executivo do Procon, o ideal é monitorar os preços dos produtos até 60 dias antes da compra para ter certeza de que eles não foram inflados alguns dias antes e apareceram mais baratos na sexta.
Mas, se você deixou essa lista também para a última hora, não tem problema. Acompanhe o preço do produto a partir de hoje e faça as contas. “Muitas marcas ainda estão começando as iniciativas de descontos, então ainda dá tempo para se planejar. É legal a pessoa entender o que ela está precisando, porque é uma super-oportunidade de compra, não só a curto prazo, mas a longo prazo, como para dar presentes de Natal”, diz Samantha Schwarz, gerente de e-commerce da Infracommerce, empresa especializada em negócios digitais.