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Bitcoin pode quebrar internet devido a falhas, diz supervisor bancário

"Os volumes de comunicação associados poderiam travar a internet", segundo relatório

. (Marc Bruxelle/Thinkstock)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 18 de junho de 2018 às 14h29.

O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) acaba de dizer ao mundo que as criptomoedas (como Bitcoin) não estão prontas para se popularizar - e, no que diz respeito aos serviços financeiros convencionais, talvez elas nunca estejam.

Em um artigo devastador de 24 páginas divulgado no domingo como parte de seu relatório econômico anual, o BIS afirma que o bitcoin e as moedas afins sofrem de "uma série de falhas" que impedem que as criptomoedas atendam às elevadas expectativas que geraram uma explosão de interesse - e de investimento - na classe de ativos em potencial.

O BIS, uma instituição de 88 anos com sede na Basileia, na Suíça, que serve como um banco central para outros bancos centrais, afirmou que as criptomoedas são excessivamente instáveis, consomem eletricidade demais e estão muito vulneráveis a manipulações e fraudes para servir como um meio genuíno de troca na economia global. O banco mencionou o caráter descentralizado das criptomoedas - o bitcoin e seus imitadores são criados, transacionados e contabilizados em uma rede distribuída de computadores - como uma falha fundamental, não como uma força fundamental.

Em uma de suas conclusões mais pungentes, o BIS analisou o que seria necessário para que o blockchain, software que sustenta o bitcoin, processasse as transações de varejo digital administradas atualmente pelos sistemas de pagamento nacionais. Os pesquisadores concluíram que, à medida que o tamanho de tantos livros-razão aumentasse, isso acabaria sobrecarregando tudo, de smartphones individuais a servidores.

"Os volumes de comunicação associados poderiam travar a internet", segundo o relatório.

Desastre

Os pesquisadores também disseram que a corrida dos chamados mineradores de bitcoin para ser o primeiro a processar transações consome aproximadamente a mesma quantidade de eletricidade que a Suíça. "Em termos mais simples, a busca pela confiança descentralizada rapidamente se tornou um desastre ambiental", disseram eles.

As considerações do BIS chegam em um momento crucial da história da criptomoeda. Embora o Goldman Sachs Group, a Bolsa de Valores de Nova York e outras instituições estejam tomando medidas para oferecer aos clientes acesso ao novo mercado, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA está reprimindo as ofertas de novos tokens digitais, que considera repletas de roubos.

Ao mesmo tempo, agressores cibernéticos estão atacando bolsas de criptomoedas regularmente - na semana passada, o bitcoin caiu depois que uma bolsa sul-coreana informou que tinha sido hackeada. A moeda caía 0,9 por cento, para US$ 6.438, às 10h40 desta segunda-feira, horário de Sidney.

O valor do mercado de criptomoedas despencou 53 por cento neste ano, para US$ 280 bilhões, segundo a CoinMarketCap.

Alguns benefícios

O BIS também reconheceu que o blockchain e sua tecnologia de livro-razão distribuído forneceram alguns benefícios para o sistema financeiro global. O software pode tornar mais eficiente o envio de pagamentos transfronteiriços, por exemplo. E o financiamento comercial, o negócio de exportações e importações que ainda depende de faxes e cartas de crédito, de fato precisava das melhorias oferecidas pelos programas relacionados ao blockchain.

Ainda assim, a instituição concluiu que o grande avanço do bitcoin, a capacidade de uma pessoa enviar algo de valor para outra pessoa com a facilidade com que enviaria um e-mail, também é seu calcanhar de Aquiles. É simplesmente arriscado demais, em vários níveis, tentar administrar a economia global em uma rede descentralizada.

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