Para Bill Gates, cofundador da Microsoft (MSFT), Elon Musk e o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), pode conseguir reduzir os gastos públicos dos Estados Unidos, mas alertou para riscos em cortes de programas essenciais.
Gates, uma das vozes mais influentes no setor de tecnologia e filantropia global, declarou em uma recente entrevista que vê valor no DOGE, liderado por Musk. Criado para enfrentar ineficiências do governo e reduzir o déficit federal, o programa já começou a revisar contratos e despesas governamentais.
Desde sua concepção, o DOGE estabeleceu a meta ambiciosa de cortar US$ 2 trilhões em gastos. No entanto, Musk admitiu que esse valor seria um "cenário ideal" e que as economias mais realistas poderiam chegar a US$ 1 trilhão. Recentemente, a equipe anunciou o cancelamento de US$ 420 milhões em contratos e aluguéis, mas especialistas apontam que medidas mais drásticas serão necessárias para alcançar suas metas.
Ao comentar a iniciativa em entrevista ao Wall Street Journal, Gates disse que analisar os gastos governamentais com uma abordagem de orçamento base zero é algo que pode render "bons resultados".
Mas o bilionário expressou preocupações com possíveis cortes em áreas que oferecem benefícios de longo prazo para a sociedade, como saúde e defesa.
Questionado sobre onde encontraria economias, Gates respondeu que setores como pensões, defesa e saúde não podem ser ignorados, mas fez um alerta específico sobre o impacto social de cortes em programas essenciais, como os de combate ao HIV.
"Os EUA estão mantendo dezenas de milhões de pessoas vivas com medicamentos contra o HIV. Cortar isso agora não só resultaria em mortes iminentes, mas também afetaria negativamente a reputação do país, especialmente na África", afirmou.
Gates reforçou que, embora a redução do déficit seja crucial para evitar uma crise financeira futura, é preciso cautela ao priorizar cortes que não comprometam conquistas científicas e humanitárias. "Cortar recursos agora, especialmente com a iminência de uma cura, seria pior do que nunca ter começado esse esforço", concluiu.
A posição política de Gates
Apesar de evitar endossos públicos, Bill Gates foi destaque em outra questão política durante as eleições presidenciais de 2024. Segundo reportagens, ele teria doado US$ 50 milhões a um comitê pró-Kamala Harris.
Em resposta, Gates afirmou manter um histórico bipartidário, mas admitiu que "essa eleição é diferente". Seu engajamento reforça o papel político e filantrópico que tem desempenhado desde a fundação da Bill & Melinda Gates Foundation, em 2000.