Tecnologia

Batalha de gigantes: a saga de Zuckerberg e Cook na liderança das big techs

Os CEOs da Meta e da Apple têm trocado críticas por anos, com disputas sobre privacidade, modelos de negócios e, agora, headsets de realidade aumentada.

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 06h38.

Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 09h11.

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, e Tim Cook, CEO da Apple, protagonizam uma das rivalidades mais emblemáticas e duradouras do setor de tecnologia.

Desde 2014, os dois líderes têm se alfinetado publicamente, expondo divergências profundas sobre modelos de negócios e privacidade dos usuários. O embate, que começou com comentários em entrevistas, evoluiu para campanhas publicitárias direcionadas e batalhas legais acirradas, marcando um capítulo importante na história das big techs.

A tensão teve início quando Cook, em uma entrevista, criticou o modelo de negócios de empresas como o Facebook, que dependem da coleta de dados para lucrar com anúncios publicitários. “Quando um serviço é gratuito, você é o produto”, disparou Cook.

A frase repercutiu amplamente e irritou Zuckerberg, que retrucou afirmando que os produtos da Apple são elitistas e inacessíveis para a maioria das pessoas, acusando a empresa de estar "fora de sintonia" com os consumidores.

O divisor de águas: o escândalo da Cambridge Analytica

O escândalo de 2018 envolvendo a Cambridge Analytica foi um ponto de inflexão. Dados de 50 milhões de usuários do Facebook foram usados sem consentimento, gerando uma crise global. Cook, aproveitando o momento, insinuou que, no lugar de Zuckerberg, ele “não estaria nessa situação”.

A resposta veio com força: Zuckerberg chamou os comentários de “superficiais” e ordenou que executivos da Meta abandonassem seus iPhones, substituindo-os por dispositivos Android.

Privacidade vs. anúncios personalizados: o confronto de 2021

Com a chegada da atualização iOS 14.5, em 2021, a disputa ganhou novos contornos. A mudança no sistema da Apple exigia que aplicativos solicitassem permissão para rastrear dados dos usuários, impactando diretamente o modelo de negócios baseado em anúncios da Meta.

Zuckerberg acusou a Apple de práticas anticompetitivas e alertou que a mudança poderia custar bilhões de dólares às pequenas empresas dependentes de publicidade direcionada.

Enquanto isso, Cook reafirmava o compromisso da Apple com a privacidade dos usuários, argumentando que cada pessoa deveria ter controle sobre como seus dados são utilizados. A Meta respondeu com campanhas publicitárias agressivas, enquanto a Apple manteve sua narrativa de proteção aos consumidores.

Realidade aumentada: o novo campo de batalha

Em 2024, a rivalidade escalou para um novo mercado: o de realidade aumentada.

O lançamento do Apple Vision Pro colocou a Apple em confronto direto com os headsets Quest, da Meta. Com preços que chegam a US$ 3.500 (cerca de R$ 21,3 mil), o Vision Pro foi duramente criticado por Zuckerberg, que destacou a acessibilidade e praticidade dos produtos da Meta. “O Quest é melhor para a maioria dos usuários”, afirmou.

Executivos da Meta, como Andrew Bosworth, CTO da empresa, apontaram problemas no Vision Pro, incluindo desconforto e desempenho aquém do esperado. Por outro lado, Cook reforçou que o Vision Pro representa o futuro da computação, apostando no ecossistema premium e integrado da Apple.

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