Amazon Echo: "A luz da varanda ficou acesa. Deve ser apagada?" - é uma das mensagens que a assistente virtual pode transmitir (Luke MacGregor/Bloomberg)
AFP
Publicado em 21 de setembro de 2018 às 20h58.
Uma inteligência artificial capaz não só de descongelar um bife, mas de ter intuições? A gigante Amazon revelou uma série de inovações de sua assistente de voz, Alexa, com as que busca torná-la mais imprescindível no dia a dia.
O alto-falante inteligente Echo pode, por exemplo, comunicar-se com o novo micro-ondas da marca, apresentado na quinta-feira durante uma demonstração em tamanho real das novas possibilidades, realizada diante do público em uma casa fictícia em Seattle, oeste dos Estados Unidos.
No entanto, quando um jornalista pede que acrescente 30 segundos de tempo de cozimento a uma espiga de milho, Echo, depois de "pensar", toca músicas da banda de rock americana "30 Seconds to Mars".
A ambição da Amazon é ser a primeira a fazer a "virada à casa inteligente", afirmou David Limp, um dos executivos da marca que até agora domina o mercado dos alto-falantes inteligentes.
Segundo a consultora eMarketer, citada por Bloomberg, em 2018 cerca de dois terços dos usuários de alto-falantes inteligentes nos Estados Unidos utilizarão o Echo. Google Home, seu grande concorrente junto com a Apple, seduzirá 30% dos usuários.
Alexa poderá, por exemplo, encarregar-se da segurança da casa: seu dono receberá um aviso se uma janela for quebrada, e será alertado em caso de intoxicação com fumaça ou dióxido de carbono.
O grupo americano também apresentou uma inovação chamada "Alexa Hunches" (as intuições de Alexa), que analisa os gestos cotidianos e alerta em caso de mudanças.
Assim, pode acontecer que uma pessoa dê boa noite a Alexa, e esta lhe responda: "A luz da varanda ficou acesa. Deve ser apagada?".
A Amazon trabalha inclusive para dar a Alexa uma "personalidade", ao atribuir-lhe "gostos", por exemplo, em relação a uma marca de cerveja ou um animal de estimação.
Além disso, o "ouvido" da assistente de voz também se torna mais sensível e, no futuro, poderá entender sussurros, assim como responder em voz baixa.
A Amazon está apostando claramente em um desenvolvimento exponencial dos assistentes de voz, cujas vendas permanecem muito abaixo da dos smartphones e cujos usos ainda são limitados.
Embora mais de 70% das pessoas que têm alto-falantes inteligentes nos Estados Unidos os usem diariamente, segundo um estudo publicado por AppDynamics, principalmente para se informar sobre o clima ou como GPS. Em segundo lugar, o usam para escolher e ouvir música, e para acender ou apagar a luz.
Dado que as ferramentas para a casa inteligente desenvolvidas pelas principais marcas representarão em 2018 um mercado de 96 bilhões de dólares - 40% nos Estados Unidos -, a Amazon também anunciou o lançamento da plataforma de "configuração livre de frustração".
Esta plataforma facilitará que cada fabricante de acessórios inteligentes se comunique facilmente com Alexa. Trata-se de um elemento estratégico para reforçar o peso já dominante da Amazon nesse terreno.
"Não vai acontecer da noite para o dia", disse David Limp. "Mas imaginamos um futuro com milhares destes dispositivos em cada lar; será algo absolutamente essencial".
"Os anúncios da Amazon são lembretes ácidos à Apple e ao Google de que Alexa ganhou uma grande vantagem e que está trabalhando arduamente para aproveitá-la ao máximo", considera Geoff Blader, vice-presidente da empresa de análises de mercado CCS Insight.
Mas isso preocupa um pouco mais os que temem uma invasão tecnológica incontrolável em suas vidas cotidianas.
Muitos usuários se queixaram das risadas intempestivas de Alexa, o que obrigou a Amazon a reconfigurar a programação.
Casos de alto-falantes inteligentes que gravaram seus donos sem que eles soubessem também foram relatados regularmente.