Assange é acusado de três crimes de agressão sexual e um de estupro de duas mulheres suecas em agosto de 2010 (Leon Neal/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2012 às 09h46.
Londres - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, recorreu nesta quarta-feira à Corte Suprema britânica, máxima instância judicial do Reino Unido, para evitar sua extradição à Suécia, país que o reivindica por supostos crimes sexuais.
Assange compareceu ao tribunal, situado no centro de Londres, antes de começar a sessão, prevista para 8h30 (horário de Brasília), supostamente para despistar os jornalistas, e espera-se que permaneça no local até o final do dia.
Durante a audiência, que se prolongará até a quinta-feira, sua defesa exporá diante de sete magistrados do Supremo os argumentos do recurso, mas o veredicto só deverá ser dado dentro de algumas semanas.
O recurso de Assange, que nega as acusações que lhe são atribuídas - três crimes de agressão sexual e um de estupro de duas mulheres suecas em agosto de 2010 -, não se baseia em detalhes do caso, mas em um aspecto legal.
A defesa alega que a Procuradoria sueca, que emitiu a ordem europeia de detenção que desembocou em sua detenção em Londres em 8 de dezembro de 2010, não tinha legitimidade para fazê-lo, já que a assinatura de ordens europeias corresponde aos juízes.
A advogada Dinah Rose disse nesta quarta ao início da audiência no Supremo que a ordem de detenção emitida supunha uma 'interferência à liberdade individual'.
Se o Supremo interceder a favor de Julian Assange, haverá sérias consequências para o sistema europeu de extradição. Já se for contra, Assange perderá o recurso e será extraditado à Suécia no prazo de 10 dias, mas poderá recorrer novamente ao Tribunal de Direitos Humanos de Estrasburgo.
Nesta quarta-feira, um grupo de partidários do fundador do WikiLeaks se reuniu às portas do Supremo britânico trazendo cartazes que defendiam Assange e o soldado Bradley Manning, processado nos Estados Unidos por ter vazado ao site informações confidenciais do país.
Assange foi detido em Londres após se entregar voluntariamente, dias depois que cinco jornais de todo o mundo, entre eles o britânico 'The Guardian' e o espanhol 'El País', publicaram junto com o WikiLeaks milhares de documentos diplomáticos americanos que envergonharam governos de todo o mundo.
Os partidários do especialista em informática acreditam que sua extradição à Suécia poderia desembocar em uma eventual entrega aos EUA, país que abriu uma investigação a portas fechadas para decidir se pode puni-lo.