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Assange classifica biografia como "memórias prostituídas"

O criador do Wikileaks tentou romper o contrato com a editora após ler a primeira versão do livro, mas sua rejeição não impediu que a obra fosse lançada hoje

No livro, Assange se declara "um pouco autista, como todos os hackers" e afirma que o governo dos Estados Unidos quis preparar uma "armadilha" para ele (Leon Neal/AFP)

No livro, Assange se declara "um pouco autista, como todos os hackers" e afirma que o governo dos Estados Unidos quis preparar uma "armadilha" para ele (Leon Neal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2011 às 11h49.

Londres - Uma biografia de Julian Assange chega às prateleiras nesta quinta-feira no Reino Unido apesar da rejeição do fundador do WikiLeaks, que tentou romper o contrato com a editora após ler sua primeira versão, considerada por ele como "memórias prostituídas".

No livro intitulado: "Julian Assange: uma biografia não autorizada", que teve alguns trechos publicados pelo jornal "The Independent" nesta quinta-feira com exclusividade, Assange se declara "um pouco autista, como todos os hackers", afirma que o governo dos Estados Unidos quis preparar uma "armadilha" para ele e nega categoricamente ter estuprado duas mulheres na Suécia.

O diretor do WikiLeaks, que divulgou milhares de documentos comprometedores dos governos de todo o mundo em seu site, garante que seu processo de extradição é uma farsa e que teve relações sexuais consentidas com as duas mulheres.

Nos fragmentos do livro que o jornal britânico publica nesta quinta-feira, Assange relata onde aconteceram seus encontros na Suécia com as mulheres que o acusam de abuso sexual.

Assange lembra que quando chegou à Suécia em 11 de agosto de 2010, foi informado por um de seus contatos em uma agência de serviços secretos que o governo americano reconhecia que seria difícil processá-lo, mas considerava lidar com Assange "de forma ilegal".

"A fonte especificou o que isso significava: encontrar algum tipo de vínculo entre Bradley Manning - o soldado acusado de ser a principal fonte nos vazamentos de mensagens diplomáticas - e o WikiLeaks, e se isso não fosse possível, usariam outras maneiras", relatou Assange.

Entre os meios ilegais, o australiano deu vários exemplos: "Pôr drogas em meus pertences, 'encontrar' pornografia infantil em meu computador e procurar uma forma de me envolver em acusações de conduta imoral".

Na passagem divulgada do livro, o australiano narra como aconteceram os encontros com as mulheres que o acusam de abusos sexuais e nega categoricamente tê-las estuprado.

"Não estuprei essas mulheres e não consigo imaginar o que os levou a pensar nisso, exceto que houvesse malícia, um plano conjunto para me prejudicar ou um mal-entendido entre elas", garante Assange.

O australiano fala do início do WikiLeaks e revela que após decidir usar os governos e as instituições como "alvos", soube que sua vida "nunca voltaria a ser a mesma".

A biografia não autorizada foi escrita por Andrew O'Hagan depois de 50 horas de entrevistas com o ativista, que após ler o primeiro capítulo tentou romper o contrato com a editora escocesa "Canongate".

Julian Assange espera que o Tribunal Superior de Londres se pronuncie sobre sua possível extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes de estupro e abuso sexual.

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