Julian Assange dentro de veículo da polícia ao chegar em tribunal de Londres (Carl Court/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2010 às 05h02.
Nova York - O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, acusou nesta quarta-feira os Estados Unidos de promover "um novo tipo de tirania, censura privada e 'macartismo' digital", em entrevista ao canal americano "MSNBC" feita na cidade inglesa de Norfolk, onde está em prisão domiciliar.
Responsável pela homepage que vazou mais de 250 mil correspondências diplomáticas secretas dos EUA, o ativista australiano, de 39 anos, disse, no entanto, que cada vez mais uma "maioria silenciosa" está se organizando para combater a tirania americana.
Assange afirmou que Washington está tentando tirar o WikiLeaks do foco da imprensa para excluir o site das proteções da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que defende a liberdade de imprensa e que, segundo ele, vale para "todas as publicações".
O homem que conseguiu irritar e constranger a diplomacia dos Estados Unidos pediu a todos os jornalistas que se unam para proteger os direitos da imprensa. Segundo ele, aqueles que apoiam a perseguição contra o WikiLeaks "serão os próximos" alvos de Washington.
"Você tem uma instituição como o Departamento de Estado, conectado ao Pentágono e à CIA (central de Inteligência americana), que é capaz de responder rapidamente e difundir seus interesses a todo o mundo", manifestou Assange. "No entanto, a realidade é que a maior parte das pessoas não veem as coisas como eles".
Perguntado sobre seus maiores críticos no Partido Republicano dos EUA, como a ex-governadora do Alasca Sarah Palin e o ex-governador de Arkansas Mike Huckabee, o fundador do WikiLeaks respondeu que são "nada mais que outros idiotas querendo se aproveitar de um nome".
Palin se referiu recentemente a Assange como um ativista "antiamericano com sangue em suas mãos", e "não um jornalista", e o comparou ao "editor da revista da Al Qaeda 'Inspire'".
Por sua vez, Huckabee qualificou o ativista australiano de "traidor" e destacou que "qualquer coisa menor que a execução é uma punição leve demais" para ele.
"A definição de terrorismo é um grupo que usa violência para fins políticos, mas durante nossos quatro anos de trabalho, ninguém ficou ferido fisicamente e, por isso, nós fizemos", respondeu Assange a essas acusações.
"O que vemos são ameaças constantes pedindo meu assassinato ou que me sequestrem. Essa sim é a definição de terrorismo", acrescentou o australiano. Para ele, essas pessoas "deveriam ser acusadas de incitar ao assassinato". EFE