(Alauda/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 10h14.
Enquanto os carros autônomos continuam avançando em ritmo acelerado (aqui tem um que anda em estradas congeladas), os carros voadores, ou alguma coisa parecida, estão deixando de ser pura fantasia -- pelo menos é o que a startup australiana Alauda Racing gostaria que nós acreditássemos.
O Airspeeder Mark I, desenvolvido pela Alauda nos últimos dois anos, parece saído de “Star Wars: Os Últimos Jedi”. Tecnicamente um quadcopter -- basicamente um drone grande, como os táxis aéreos de Dubai --, o meio de transporte tem um único assento para o piloto humano e supostamente poderia atingir velocidades máximas de 198 quilômetros por hora e voar a uma altitude de até 3,2 quilômetros. Com hélices de madeira customizadas, uma estrutura de alumínio e quatro motores elétricos com 268 cavalos de potência conjunta, o “carro” é pilotado como um avião tradicional, com joysticks que controlam a altura e a inclinação e pedais para virar e acelerar.
Ele não tem rodas, por isso ainda não faz sentido perguntar se será possível dirigi-lo na rua -- e, por enquanto, isso não vem ao caso.
“Queremos construir o carro esportivo do céu e para isso precisamos fazer uma corrida”, disse o fundador da empresa, Matt Pearson, em um vídeo de promoção. Seu objetivo é lançar um esporte completamente novo, uma espécie de versão aérea dos Grand Prix, em 2020. É uma meta ambiciosa para uma empresa que ainda não realizou voos de teste tripulados, embora uma nota em sua campanha de Kickstarter, cancelada recentemente, volte a confirmar o prazo.
Será que o negócio dos carros voadores -- é verdade que é um pouco exagerado até mesmo chamá-los assim a esta altura do campeonato -- está dando um passo grande demais? O que é realmente necessário para transformar uma esquisitice tecnológica em um autêntico esporte? Rememorando a gênese de outros esportes, ir direto para as corridas competitivas faz mais sentido do que parece à primeira vista.
“A analogia adequada para isto é com o ciclismo”, explica Robert Edelman, professor de História do Esporte da Universidade da Califórnia em San Diego. “Se você procurar histórias de ciclismo, alguém inventou a bicicleta, ela se transformou no meio de transporte da classe trabalhadora -- porque eles não podiam comprar carruagens e, depois, carros -- e mais tarde alguém teve a ideia de organizar competições como uma maneira de popularizar as bicicletas e vendê-las.”
O conselho de Edelman? Como já aconteceu com a Fórmula 1 e a Nascar, os inovadores dos carros voadores “terão de atrair patrocinadores importantes, gente rica que acha que seria legal fazer isso”, disse ele. “Será que Richard Bronson gostaria de participar?”