Vista do Parque Nacional da Tijuca: Brasil é o país com mais terras protegidas do mundo, com 2,47 milhões de quilômetros quadrados. (Tomaz Silva/ Agência Brasil)
Vanessa Barbosa
Publicado em 4 de setembro de 2016 às 17h55.
São Paulo - Com 14,7 por cento da superfície da Terra e 12 por cento das suas águas territoriais protegidas, o mundo está a caminho de atingir um objetivo global importante de conservação, de acordo com um novo relatório apresentado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
No entanto, o relatório Planeta 2016 mostra que ainda estão sendo deixadas de lado áreas com espécies e habitats-chave para a biodiversidade, e que a gestão de áreas protegidas ainda é limitada.
De acordo com cientistas da IUCN e do Centro de Monitoramento de Conservação Ambiental da ONU, existem atualmente 202.467 áreas protegidas, que abrangem quase 20 milhões de quilômetros quadrados ou 14,7 por cento do planeta, exceto na Antártida.
Essa taxa está um pouco abaixo da meta da Convenção sobre a Diversidade Biológica, que prevê alcançar uma cobertura de 17% em 2020. América Latina e Caribe têm a maior área protegida do mundo, cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados.
Cerca de metade destas terras protegidas estão no Brasil, que detém o recorde de país com mais terras protegidas do mundo: são 2,47 milhões de quilômetros quadrados. Na ponta oposta, o Oriente Médio tem a menor taxa, com cerca de 119 mil quilômetros quadrados de áreas protegidas.
A última década também viu um progresso notável na proteção dos oceanos do mundo. O tamanho das áreas marinhas protegidas aumentou de pouco mais de 4 milhões de quilômetros quadrados em 2006 para quase 17 milhões de quilômetros quadrados, atualmente, que abrangem quatro por cento dos oceanos da Terra, uma área quase do tamanho da Rússia.
No entanto, apesar de todo esse crescimento, ainda há muito a ser feito para melhorar a qualidade das áreas protegidas. Menos de 20 por cento dos países cumpriram os seus compromissos para avaliar a gestão de áreas protegidas, o que levanta questões sobre a qualidade e a eficácia das medidas de conservação existentes.
"As grandes realizações em número e os avanços em áreas protegidas na última década têm de ser acompanhadas por melhorias na qualidade", diz o diretor executivo de Meio Ambiente da ONU, Erik Solheim, em nota oficial.
Segundo ele, o mundo deve fazer mais para proteger eficazmente os lugares com maior biodiversidade. "As áreas protegidas devem ser melhor conectadas, para permitir maior mix e também distribuição das populações de animais e plantas. Também é importante garantir que as comunidades locais estejam envolvidas nos esforços de proteção. Seu apoio é crucial para a preservação a longo prazo", acrescenta.