São Paulo - Los Angeles, 5 de agosto de 1984. Cambaleando, desidratada e com câimbras que lhe contorcem as pernas e braços involuntariamente, a suíça Gabrielle Andersen-Schiess cruza em 33º lugar a linha de chegada da primeira maratona feminina em uma Olimpíada, realizada sob um forte sol de verão. Na sequência, ela cai desacordada nos braços dos médicos, uma cena dramática que entrou para a história como ato heroico, mas que também lançou alerta para os riscos da prática esportiva em tempos quentes.
Rio 2016. Em abrill, durante os eventos-teste para a Olimpíada, a elite dos corredores sofre com o calor excessivo, que consideram ser seu maior adversário e um obstáculo para a superação de recordes. A preocupação se justifica. O calor intenso é uma ameaça real a todo praticante de esportes de alta resistência ao ar livre, sem climatização controlada — o que inclui futebol, corridas, ciclismo e natação em mar aberto, por exemplo — e, em casos extremos, pode até matar.
Em um planeta em aquecimento, o calor se revela uma espécie de nova prova de fogo para esses esportes e seus atletas. É o que aponta um estudo inédito produzido pelo Observatório do Clima, rede brasileira de entidades da sociedade civil focadas em mudanças climáticas, que coletou dados de pesquisas sobre o tema ao redor do mundo e ouviu médicos do esporte, preparadores físicos e atletas.
Além da maior atenção e tecnologia voltada à saúde e à adaptação térmica dos atletas antes, durante e depois das competições, as mudanças climáticas estão impondo alterações nos calendários e horários das provas. Atenta aos riscos, a própria Olimpíada já se mexeu nesse sentido.
As provas de atletismo ocorrem pela manhã e no final da tarde, evitando os horários de pico, e os seis jogos de futebol que ocorrerão na Arena da Amazônia, em Manaus, tiveram seus horários alterados. Devido ao forte calor, as partidas que aconteceriam às 13h foram remanejadas para depois das 18h.
O relatório usou dados de modelos globais de clima para montar um mapa do risco à prática esportiva nas capitais brasileiras no final do século. A conclusão é que, no pior cenário de emissões estabelecido pelo IPCC (o painel do clima da ONU), 12 delas terão períodos do ano impróprios à prática de qualquer atividade física ao ar livre – em Manaus, caso extremo, a restrição ocorrerá no ano inteiro.
Nosso corpo funciona de forma diferente de acordo com as mudanças no habitat. Como explica o estudo do Observatório do Clima, a temperatura central do corpo em repouso é de 37°C e aumenta para 38,5°C a 75% de esforço durante o exercício. Esse valor não aumenta devido aos mecanismos de termorregulação, sem os quais a temperatura central do organismo subiria 1°C a cada cinco minutos de exercício intenso.
Nesse sentido, o calor excessivo prejudica o corpo de duas formas: facilitando a desidratação em condições de baixa umidade relativa do ar e impedindo que o corpo dissipe calor em condições de alta umidade relativa. Nos dois casos, no limite o corpo entra em choque, incapaz de regular a temperatura interna, um quadro que pode ser fatal.
Ao levar a um maior desgaste físico dos atletas, o calor também afeta o rendimento, o que, por tabela, torna mais difícil a superação de recordes. Segundo o estudo, na maratona, por exemplo, não há registro de recorde em locais com temperaturas acima de 12ºC em qualquer trecho dos 42,195 km do percurso oficial da prova olímpica.
O estudo destaca, ainda, que apesar da prática de esportes ser associada à saúde, ela também pode se tornar perigosa por conta da poluição atmosférica, problema que tem a mesma origem do aquecimento global: a queima dos combustíveis fósseis. Como o volume respiratório aumenta durante os exercícios, o atleta pode tragar mais dióxido de enxofre, particulados finos e outros compostos que provocam danos imediatos aos pulmões.
Não são apenas os esportistas, amadores ou profissionais, que sofrem. Aos mesmos problemas ligados ao calor e à poluição estão sujeitos os trabalhadores de indústrias pesadas, construção civil, exército, agricultura e do setor de serviços que operam ao ar live ou em condições de climatização inadequada.
Um estudo lançado recentemente na sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, indica que as economias emergentes já enfrentam perdas de 10% nas horas trabalhadas por causa da piora das condições térmicas nos locais de trabalho.
As mudanças climáticas poderão prejudicar ainda mais a aptidão do trabalhador para desempenhar suas funções nas próximas décadas. E quanto menor for a capacidade de trabalho, menor será a produtividade, em termos qualitativos e quantitativos.
-
1. Olimpíada das mulheres
zoom_out_map
1/10 (Getty Images)
São Paulo - A primeira edição das Olimpíadas modernas aconteceu em 1896 e contou com um total de zero atletas mulheres. Quatro anos depois, em 1900, elas eram 22. Já em 1904, pasmem, o número diminuiu e apenas seis guerreiras estiveram presentes. De lá para cá muita coisa mudou e no Rio de Janeiro elas chegaram em número recorde: são 5.185 garotas competindo! E elas não estão aí só para fazer número, não. Rafaela Silva que o diga! A judoca carioca garantiu, nessa segunda-feira (8), o primeiro ouro do Brasil nas
Olimpíadas de 2016. Orgulho total da garota que enfrentou a pobreza e o racismo para chegar onde chegou. E junto com ela, outras atletas também estão provando que "jogar como uma garota" é sinônimo de vitória! Confira aqui um time maravilhoso de mulheres que estão quebrando tudo.
-
2. Rafaela Silva - Brasil (judô)
zoom_out_map
2/10 (Kai Pfaffenbach/Reuters)
Lógico que o número 1 é dela, né? Nessa segunda-feira (8), Rafaela conquistou o primeiro ouro do país no Rio. E essa vitória é uma overdose de Brasil! A menina da Cidade de Deus (a famosa favela do Rio) começou a praticar judô aos nove anos, influenciada pelo pai, que queria ver ela longe das ruas. Hoje, aos 24, ela tem um ouro olímpico e outro conquistado no Mundial, em 2013.
-
3. Seleção Feminina de Futebol - Brasil
zoom_out_map
3/10 (Getty Images)
As meninas estão lavando a alma da torcida brasileira, que anda bem desacreditada frente aos fiascos que a seleção masculina coleciona há anos. No último sábado (5), elas venceram a Suécia por 5x0, despontando rumo à liderança do grupo (as suecas são as rivais mais forte da chave). Na estreia, as meninas também fizeram bonito, vencendo a China por 3x0 e, nesta terça (9), elas enfrentam a África do Sul também com grandes chances de vitória.
-
4. Mayra Aguiar - Brasil (judô)
zoom_out_map
4/10 (Getty Images)
Em 2014, Mayra se tornou a maior medalhista do judô brasileiro em campeonatos mundiais, contando homens e mulheres. Detalhe: ela tinha apenas 23 anos na época! Mas, antes disso, a garota já tinha quebrado outro recorde. Em 2010, ela tornou-se a maior medalhista do planeta no Campeonato Mundial Sub 20. Alguma dúvida de que a moça é destruidora mesmo? Em 2012, ela trouxe o bronze de Londres e tudo indica que a gente vai ver ela no pódio mais uma vez esse ano.
-
5. Priscilla Stevaux Carnaval - Brasil (ciclismo BMX)
zoom_out_map
5/10 (Divulgação)
Aos 22 anos, Priscila é o nome brasileiro mais bem posicionado no ranking do BMX mundial (em 18º lugar). E para quem gosta de falar "bota ela na competição masculina para ver o que acontece" aí vai uma informação: a garota realmente compete contra homens nos campeonatos nacionais. Dá para imaginar o volume das male tears, né?
-
6. Yusra Mardini - Síria (natação)
zoom_out_map
6/10 (Robertson/Getty Images)
Aos 18 anos, a garota síria é a atleta mais jovem da delegação dos refugiados. E em 2015, ela ajudou a salvar um grupo de refugiados que cruzavam o Mar Mediterrâneo! Rumo à Grécia, o barco em que ela estava começou a afundar e, junto com a irmã Sarah, Yusra foi uma heroína! As duas nadaram durante três horas e meia para salvar a embarcação. Em sua estréia como atleta olímpica, a garota ficou longe de se classificar nos 100 m borboleta, mas ela é, sem dúvida, uma vencedora!
-
7. Margret Rumat Rumar Hassan - Sudão do Sul (atletismo)
zoom_out_map
7/10 (Reprodução)
Ela é a primeira atleta da história a representar oficialmente o Sudão do Sul nas Olimpíadas (Margret compete pelo país, mas também há conterrâneos dela na delegação dos refugiados). Ela tem 19 anos e irá correr os 400 metros rasos no Rio de Janeiro. Além de fazer história no esporte, ela também virou garota propaganda da Samsung, em um comercial absolutamente emocionante.
-
8. Majlinda Kelmendi - Kosovo (judô)
zoom_out_map
8/10 (Getty Images)
A moça conquistou a primeira medalha olímpica da história Kosovo e já foi um ouro de cara! Só que a história de superação dela não se limita ao reconhecimento no esporte, pois Majlinda nasceu e cresceu em meio à guerra. A situação no Kosovo é tão complexa que o Comitê Olímpico Internacional (COI) só reconheceu sua filiação em 2014 e essa é a primeira vez que o país participa da competição. "Sou uma sobrevivente de guerra, assim como meu povo. Várias crianças do Kosovo perderam seus pais. Muitas crianças não têm livros para ir para uma escola. E eu virei campeã olímpica vindo desse país. Mesmo sem dinheiro, mesmo sem estrutura você pode acreditar em si mesmo e trabalhar muito duro para atingir seus sonhos", disse ela em entrevista ao Globo Esporte.
-
9. Julie Brougham - Nova Zelândia (hipismo)
zoom_out_map
9/10 (Getty Images)
Ela é a atleta mais velha dessas Olimpíadas, aos 62 anos, e compete na categoria de adestramento individual. Julie pratica hispismo há mais de 50 anos e essa é a primeira vez que ela participa de uma Olimpíada. Mesmo se a neozelandesa não levar nenhuma medalha para casa, ela certamente já é campeã em perseverança!
-
10. Falando no assunto...
zoom_out_map
10/10 (Marko Djurica/Reuters)