Fábrica do MacBook Pro em Xangai, China: só recentemente a Apple começou a agir para melhorar as condições de trabalho (Reprodução / Apple)
Maurício Grego
Publicado em 22 de março de 2012 às 12h05.
São Paulo — A Apple atualizou, nesta semana, os dados que divulga sobre as condições de trabalho nas fábricas chinesas que montam seus produtos. A empresa tenta limitar a jornada de trabalho a 60 horas semanais. Esse número de horas, excessivo para os padrões ocidentais, é considerado um avanço na China. Lá, 16% dos empregados que fabricam produtos Apple ainda trabalham mais do que isso.
A preocupação da Apple com as condições de trabalho nas fábricas chinesas é recente. Steve Jobs não dava a menor importância ao assunto. Seu biógrafo Walter Isaacson conta que, certa vez, confrontado com denúncias de maus tratos na China, Jobs teria dito: “Estou tentando manter o foco em coisas importantes e vocês vêm me falar de fábricas na Ásia”.
Há anos a Apple vem sendo alvo de denúncias de condições desumanas em fábricas da montadora de eletrônicos Foxconn e de fornecedores de componentes. Em 2010, 14 mortes de empregados foram registradas na Foxconn, várias delas por suicídio. Mas só recentemente, sob o comando de Tim Cook, a Apple tomou medidas efetivas para melhorar a situação.
A empresa da maçã estabeleceu uma série de diretrizes e normas de conduta trabalhista para seus fornecedores – incluindo o limite de 60 horas semanais de trabalho. Além disso ela enviou à China os inspetores da Fair Labor Association, organização mantida por empresas como Nike, Adidas e a própria Apple.
É com base nas observações desses inspetores que a Apple tem divulgado progressos nas condições de trabalho chinesas. Há quem questione os relatórios, já que eles não detalham, por exemplo, quantas horas trabalham os 16% dos empregados que vão além das 60 horas. Mesmo assim, a política atual da empresa representa um notável avanço em relação ao descaso da era Steve Jobs.