São Paulo - A Apple, que está trabalhando em segredo na construção de um carro elétrico, já pede para que sua equipe inicie a produção do veículo em 2020, de acordo com reportagem de hoje da Bloomberg Business.
Citando fontes anônimas, o site afirma que o prazo ressalta a meta agressiva do projeto, já que as montadoras costumam passar de 5 a 7 anos no desenvolvimento de um carro.
A entrada da fabricante do iPhone no setor automobilístico seria uma alternativa para gastar os US$ 178 bilhões que a empresa tem em reservas.
Entretanto, ainda de acordo com o site, a empresa pode suspender ou atrasar os esforços no desenvolvimento do veículo elétrico, caso os executivos não ficarem satisfeitos com o progresso, assim como ocorreu em outros projetos.
Ainda segundo a Bloomberg, uma equipe de 200 pessoas trabalha no veículo elétrico, sendo que as contratações foram incrementadas com especialistas das áreas de baterias e robótica.
No caminho da empresa americana para entrar no setor, estão fabricantes como a Tesla, montadora do sedan Model S, a Nissan, GM e Ford, que também produzem carros elétricos e híbridos.
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1/6 (Harold Cunningham / Getty Images)
É possível que a
Apple Inc. já conte com muitas vantagens em relação às outras empresas do
Vale do Silício para se tornar uma fabricante internacional de carros. A empresa de tecnologia com sede em Cupertino, Califórnia, designou algumas centenas de funcionários para trabalhar em um projeto secreto para desenvolver um automóvel elétrico, disse uma pessoa com conhecimento do assunto. Embora a Apple costume testar ideias que acabam não sendo lançadas, o trabalho destaca o antigo desejo da empresa de ter um papel maior no espaço automotivo, que está maduro para mais fusões com a vida digital dos usuários. “Faz muito sentido”, disse Gene Munster, analista da Piper Jaffray Cos., em entrevista no sábado. “Se você tivesse dito há 10 anos que a Apple entraria no setor automobilístico, diriam que você estava louco – porque seria uma loucura --. Hoje ela é uma empresa muito diferente, capaz de lidar com esses enormes mercados de interesse”. A Apple, com uma capitalização de mercado de mais de US$ 700 bilhões, precisa continuar aumentando as vendas de iPhone, sua maior fonte de receita, e se expandir para novos mercados, como os automóveis, para atingir a cotação de US$ 1 trilhão, disse Munster. Ele acrescentou que não acha que a Apple vá lançar um carro nos próximos cinco anos. Contudo, a Apple possui algumas vantagens em comparação com outras companhias do Vale do Silício que também têm a ambição de entrar no mercado automobilístico. A Tesla Motors Inc., que fornece menos de 10.000 veículos por trimestre, pegou os investidores de surpresa no mês passado quando o CEO Elon Musk disse que a companhia não será lucrativa até 2020. Veja alguns pontos fortes da Apple como possível fabricante de carros.
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2. US$ 178 bilhões
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O setor automotivo gasta dinheiro a um ritmo impressionante. E acontece que a Apple acumulou quase US$ 180 bilhões em dinheiro. Como Musk disse na semana passada, a Apple está "ficando sem ideia de como gastar dinheiro. Eles gastam perdulariamente e, mesmo assim, não conseguem gastar o suficiente”. Embora a antiga regra de ouro dite que desenvolver um carro novo custa cerca de US$ 1 bilhão, esses custos agora estão sendo dissipados entre mais veículos, pois os fabricantes tradicionais estão trabalhando para utilizar as plataformas dos veículos para mais modelos, disse Dave Sullivan, analista do setor automotivo na AutoPacific. Esse seria um desafio para a Apple, pois ela não tem experiência na construção de carros, embora Thilo Koslowski, vice-presidente e líder de prática automotiva na Gartner, tenha dito que eles poderiam adquirir essas habilidades de produção.
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3. O melhor aparelho móvel
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3/6 (Adrees Latif/Reuters)
A Apple fez sua fortuna criando produtos que têm um design atraente e integram o
software de modo a mergulhar a vida dos usuários mais profundamente no mundo da Apple, deixando-os mais dependentes das versões seguintes. E ela já tem uma tecnologia compatível com carros – o software de mapeamento, por exemplo – pronta para usar. “O carro é uma das peças mais importantes e essenciais do quebra-cabeça que é preciso dominar para interagir com os clientes onde quer que eles estejam”, disse Koslowski. “É muito importante ter um telefone que seja conectado, que possa lhe mostrar seu calendário e fazer várias outras coisas, mas agora, estendendo-o a esse outro aparelho que tem quatro rodas”.
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4. Fanáticos por carros?
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4/6 (Dimas Ardian/Bloomberg)
O setor automobilístico parece simples para os de fora, e alguns acham que podem se sair melhor do que Detroit, que gastou uma geração escorregando rumo a recuperações de falência antes de ressurgir com novos lucros. Mas a indústria automotiva moderna tem um histórico heterogêneo em relação ao desempenho dos forasteiros. Para cada Alan Mulally, que saltou da Boeing Co. para comandar o ressurgimento da Ford Motor Co., há um Bob Nardelli, o ex-executivo da General Electric Co. e CEO da Home Depot Inc., que esteve à frente da Chrysler durante a falência da companhia. Até o momento, a Tesla está tendo sucesso, ao passo que a Fisker Automotive, outra empresa de alto perfil de carros elétricos, liquidou seus ativos em uma recuperação judicial. A Apple, por sua vez, possui uma combinação exclusiva de executivos com experiência em tecnologia e automóveis. A companhia há muito vem contratando engenheiros do espaço automotivo, frequentemente com experiência em gestão da cadeia de fornecimento, tecnologia de baterias e experiência do usuário. Luca Maestri, o diretor financeiro da Apple, passou 20 anos na
General Motors, em áreas como finanças e operações. Eddy Cue, o influente vice-presidente sênior de software de internet, é fanático por carros e faz parte do conselho da
Ferrari. Steve Zadesky, vice-presidente do design de produto do iPhone, está à frente da iniciativa automobilística da Apple e trabalhou na Ford no início da carreira. Marc Newson, designer industrial bem conceituado que entrou na equipe secreta de design da Apple no ano passado, confeccionou um carro-conceito de alto padrão para a Ford em 1999.
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5. Rede varejista
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5/6 (Marcelo Camargo/ABr)
Um dos pontos fortes — e fracos — das fabricantes de automóveis tradicionais tem sido as redes de
concessionárias. É difícil abrir lojas ao redor do mundo com a velocidade necessária para obter a escala exigida para vender carros. Nos EUA, há também outras complexidades, como leis estaduais de franquias que proíbem que os fabricantes vendam diretamente aos consumidores. A Apple, é claro, já possui uma rede varejista gigantesca através de centenas de lojas no mundo inteiro, do Brasil e da Suécia até a Turquia.
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6. Apple é global
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6/6 (Getty Images)
O setor automobilístico possui uma complexidade global como poucos, com questões regulatórias, de
marketing e logísticas que podem derrubar a qualquer momento empresas que utilizam capital intensamente. A Apple, que cria seus produtos na Califórnia, mas depende de terceiros para montá-los, principalmente, na Ásia, está acostumada a administrar uma rede de fornecimento pontual ao redor do mundo — algo que o
Google Inc. não faz em suas atividades cotidianas de pesquisa na internet — e a lidar com as complexidades das variações cambiais nos mercados internacionais. O CEO Tim Cook ficou conhecido na Apple por sua habilidade para lidar com essas operações globais. “Essa seria uma enorme vantagem caso eles decidam fabricar carros”, disse Tim Bajarin, presidente da Creative Strategies. Ele disse que continua achando que a Apple não quer de fato vender carros, mas quer simplesmente se aprofundar na criação de sistemas operacionais para as fabricantes de automóveis. “Fabricar carros não é um dos domínios da Apple”, disse Bajarin. “É mais provável que eles estejam tentando criar uma experiência eletrônica mais rica e envolvente, vinculada com o iOS, em que não apenas o sistema de áudio, mas a informação e, possivelmente, novos níveis de segurança, através de sensores e câmeras, fariam parte do que a Apple pode oferecer a outros fabricantes de veículos”. A Apple poderia estar criando conceitos ou referências de design para integrar a tecnologia para apresentar às fabricantes de automóveis, disse ele.