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Apple elimina milhares de apps de apostas após acusação da China

A empresa americana confirmou a medida e afirmou que estava simplesmente cumprindo os regulamentos

. (DragonImages/Thinkstock)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 18h03.

A Apple retirou milhares de aplicativos de apostas de sua loja chinesa depois que a emissora estatal do país acusou a fabricante de smartphones de demorar para eliminar os conteúdos proibidos.

A mídia controlada pelo governo, incluindo a China Central Television, atacou a Apple neste mês por hospedar aplicativos de bilhetes de loteria ilegais e falsos, que, segundo eles, provocaram enormes prejuízos aos usuários. No domingo, a CCTV informou que a Apple retirou pelo menos 4.000 aplicativos com a palavra-chave “jogos de azar” em 9 de agosto.

A empresa americana confirmou a medida e afirmou que estava simplesmente cumprindo os regulamentos. Mas o fato põe em evidência as novas medidas de Pequim contra todas as formas de conteúdo on-line, de jogos a mídias sociais e serviços de vídeo. E as dificuldades das empresas estrangeiras que fazem negócios na segunda maior economia do mundo.

“Os aplicativos de jogos de azar são ilegais e não são permitidos na App Store na China”, afirmou a Apple em comunicado enviado por e-mail. “Já removemos muitos aplicativos e desenvolvedores por tentarem distribuir aplicativos ilegais de jogos de azar na nossa App Store e estamos atentos em nossos esforços para encontrá-los e retirá-los da App Store.”

Posição difícil

A empresa americana tem grande presença na China, seu maior mercado depois dos EUA e a principal base de produção de iPhones e iPads do mundo. Sua posição de mercado, porém, vem sendo atacada por um círculo de operadores locais experientes, da Huawei Technologies à Xiaomi, que oferecem aos usuários serviços mais orientados aos padrões chineses.

Essa maior investigação dos órgãos reguladores do governo coincide com a escalada da guerra comercial com os EUA, que impôs tarifas punitivas aos bens chineses, no que é considerado como uma tentativa de conter a ascensão do país asiático. O receio é que as crescentes tensões acabem estimulando os consumidores chineses a boicotar produtos americanos, embora isso não tenha acontecido em grande escala.

Mesmo que milhares de aplicativos signifiquem muito pouco para a Apple, sua resposta demonstra a posição difícil das empresas estrangeiras quando operam em um país que pode ser imprevisível quando se trata de conteúdos on-line. A matéria da CCTV também serve de lembrete para empresas como o Google, da Alphabet, que estão tentando ganhar um lugar no maior mercado de serviços de internet do mundo, mas muitas vezes se veem navegando em território desconhecido.

A própria Apple já entrou em conflito com os reguladores chineses. Em 2013, foi obrigada a pedir desculpas e ajustar sua política de clientes depois que a CCTV a acusou de ter padrões de atendimento ruins. No ano passado, a empresa foi obrigada a retirar centenas de aplicativos de redes virtuais privadas em resposta a críticas sobre ferramentas para driblar a censura da internet.

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