iPhone: com o acordo, a Apple ganha uma grande força de vendas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2014 às 15h06.
Nova York e São Francisco - A Apple Inc. e a International Business Machines Corp. trabalharão juntas na criação de software corporativo para usuários do iPhone e do iPad, deixando de lado três décadas de rivalidade para atender a uma força de trabalho cada vez mais voltada para a mobilidade.
Os funcionários da IBM venderão dispositivos da Apple a seus clientes empresariais, e ambas as companhias trabalharão juntas no desenvolvimento de aplicativos projetados para utilizar a analítica de dados e os serviços na nuvem da IBM, disseram elas hoje em um comunicado. A Apple também oferecerá serviços de assistência ao cliente para os aplicativos.
A parceria ajuda a Apple a buscar uma maior parte do mercado de usuários corporativos de smartphones e tablets. O trabalho conjunto com a antiga inimiga também poderia ajudar a IBM, com sede em Armonk, Nova York, a perseguir outros colossos da tecnologia – incluindo a Apple – que aproveitaram melhor o boom da computação móvel.
“Isto é muito estimulante para a IBM e uma grande legitimação da Apple no espaço empresarial, onde elas já têm muito sucesso”, disse Aaron Levie, CEO da empresa de armazenamento na nuvem Box Inc., em uma entrevista.
Com o acordo, a Apple ganha uma grande força de vendas, que levará seus dispositivos móveis a empresas, e a IBM, cujas vendas têm estagnado, ganha o toque de classe de ser parceira de uma das marcas de produtos eletrônicos para consumidores mais conhecidas e populares.
“Reconhecemos quase ao mesmo tempo que poderíamos ser úteis para a estratégia da outra de forma única e que realmente não havia nenhuma sobreposição”, disse Bridget Van Kralingen, vice-presidente sênior de serviços empresariais internacionais da IBM, em entrevista. “Tudo ocorreu de modo incrivelmente rápido e sem obstáculos”.
Clientes empresariais
O sucesso do iPhone e do iPad tem ajudado a Apple a ganhar impulso com clientes empresariais, que há muito evitavam a empresa em favor das máquinas com o software Windows, da Microsoft Corp. O Deutsche Bank AG possui quase 20.000 aparelhos iPhone e a Siemens AG tem 30.000, disse a Apple em abril.
A IBM e a Apple foram rivais implacáveis no passado, durante os primórdios do computador pessoal. O famoso anúncio “1984”, que a Apple realizou para o Super Bowl, apresentava o computador Macintosh e comparava a IBM ao Grande Irmão totalitário de George Orwell. A concorrência se relaxou depois que a IBM abandonou o negócio de PC e passou a se concentrar em software e serviços orientados aos clientes corporativos.
Um elemento fundamental do acordo entre a Apple e a IBM é o desenvolvimento de ferramentas de software centradas na tecnologia móvel para empresas. Embora agora os smartphones sejam onipresentes, nas empresas eles são usados principalmente para checar e-mails ou calendários.
Este papel está se expandindo para incluir mais recursos de vendas e do fluxo de trabalho cotidiano, como a obtenção da aprovação de um gerente, disse Jeffrey Hammond, analista da Forrester Research Inc.
Benefícios
A Apple, com sede em Cupertino, Califórnia, também obtém ajuda da IBM para chegar aos tomadores de decisão seniores que são responsáveis pelas compras de tecnologia empresarial.
Embora muitos funcionários comuns utilizem iPhone e iPad, os diretores de informação que tomam muitas das decisões relativas à tecnologia da informação têm se mostrado mais relutantes a adotar os aparelhos da Apple, disse Hammond. A IBM também poderia ajudar a Apple a vender mais computadores Mac e laptops MacBook a empresas, acrescentou.
A IBM identificou a mobilidade como uma das maiores oportunidades para a empresa, desde antes que Ginni Rometty assumisse como CEO, há dois anos.
Ela está tentando reformar a IBM com serviços como a analítica de dados para impulsionar o crescimento da receita após oito trimestres consecutivos de declínio.
Contudo, o impacto financeiro potencial para a IBM dependerá da venda dos aplicativos e do valor que os clientes atribuam a eles, disse Daryl Plummer, analista da Gartner Inc.
“Em termos de receita, haverá tantas probabilidades de sucesso quanto de fracasso”, disse ele. “Depende do que eles comercializarem, ainda não posso dizer que é um salto à frente”.