Para os desenvolvedores de aplicativos, a plataforma da Apple é a que dá mais dinheiro (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2011 às 16h45.
São Paulo -- Com seu modelo de negócios de sucesso, a Apple e o sistema operacional iOS dominam a preferência dos desenvolvedores de aplicativos. “Os desenvolvedores primeiro fazem aplicativos para o iOS, que é onde tem mais dinheiro. Depois, se der tempo, desenvolvem para Android, que começa a ter uma base de aparelhos já significativa. Só depois, numa terceira etapa – e que não se iniciou ainda –, é que pensarão em desenvolver para uma terceira plataforma”, explicou o CTO da Movile, Flávio Stecca, no painel “O futuro dos apps”, que ocorreu durante o primeiro dia do evento Tela Viva Móvel, em São Paulo.
Ele ressalta, entretanto, que a tendência é que o desenvolvimento se fragmente com a grande adoção do Android e o potencial do Windows Phone 7 depois da aliança da Microsoft com a Nokia. “O sistema operacional da Microsoft vai ser mais um pesadelo para o desenvolvedor. Teremos de montar uma equipe para desenvolver para Windows Phone 7”, diz o o diretor da Maya, Adriano Santangeli.
O arquiteto de soluções da Microsoft Brasil, Otavio Pecego Coelho, admite que a empresa se atrasou para lançar seu sistema operacional e que, agora, terá de brigar para recurperar mercado frente ao Android e ao iOS. “A verdade é que houve muito foco em design, em aperfeiçoamento do Marketplace e no fechamento de parcerias. Estamos atrasados. Mas chegamos num design muito bom e estamos apostando nisso”, argumenta.
Pecego explica que a Microsoft optou por um modelo intermediário entre o de seus concorrentes Android e iOS. “Temos um sistema operacional que dá pouquíssima abertura ao fabricante porque o sistema também é uma marca e ter o controle do dispositivo cada vez fica mais importante. No celular, um aplicativo com mau desempenho fica evidente muito rapidamente e traz uma experiência ruim para o usuário; por isso o Marketplace está cada vez mais rigoroso com terminais e aplicativos”.
HTML5
“A fragmentação deve piorar ainda mais com o surgimento de outros dispositivos conectados como navegadores GPS para carros, tablets e TVs. Os desenvolvedores terão de se preparar para isso”, alerta Stecca, da Movile. Para ele, a tecnologia HTML5, que deve ter suas especificações concluídas em 2014, será a alternativa para facilitar o desenvolvimento para múltiplas plataformas. “É a alternativa ao desenvolvimento nativo. Se os aparelhos tiverem browsers compatíveis, essa tecnologia conseguirá escala”, diz. A Movile lançou, no final de dezembro, sua loja de aplicativos em HTML5 Zeewe, que já conta com mais de 600 mil usuários, a maioria nos Estados Unidos e na Europa.
Já o diretor da Maya, Adriano Santangeli, embora admita que as possibilidades dos HTML5 o agradem muito como desenvolvedor, acredita que elas demorarão a se concretizar. “Ainda há interesse das empresas em manter o desenvolvedor no sistema nativo, até mesmo como diferencial competitivo. O HTML5 vai crescer muito, mas conviverá com o desenvolvimento nativo por algum tempo”.
Para o executivo chefe de negócios do C.E.S.A.R, Eduardo Peixoto, “com o HTML5, as aplicações poderão ser desenvolvidas apenas uma vez, sem precisar de todo trabalho de portá-las para diferentes plataformas. Peixoto compara o mercado de aplicativos ao de música, onde quem ganha não é quem faz a música, mas as gravadoras. Para ele, no caso dos dispositivos móveis, o ganho maior vai para as empresas que detêm as lojas de aplicativos. “Hoje, para o desenvolvedor de uma aplicação que não faz grande sucesso logo de início, a loja de aplicativos funciona num esquema de calda longa e a receita acaba sendo muito pequena”, conclui.