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Apple corre risco com iPhone na China antes de lançamento

O titã da tecnologia está enfrentando uma proibição na China e um novo telefone controverso da Huawei como competidor local

Tim Cook: CEO da Apple (Justin Sullivan/Getty Images)

Tim Cook: CEO da Apple (Justin Sullivan/Getty Images)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 11 de setembro de 2023 às 10h54.

Última atualização em 11 de setembro de 2023 às 11h41.

A Apple está tentando evitar uma crise na China poucos dias antes do lançamento de seu próximo iPhone, um evento já de alto risco que testará se novos recursos podem tirar a indústria de smartphones da crise.

O lançamento do produto, previsto para ser transmitido globalmente na sede da empresa na terça-feira, corre o risco de ser ofuscado por múltiplas controvérsias na China – o maior mercado internacional da Apple. O titã da tecnologia está enfrentando uma proibição crescente do uso do iPhone entre funcionários do governo e um novo telefone controverso da Huawei como competidor local.

Mas a maior ameaça potencial para a Apple pode ser algo mais nebuloso: o ressurgimento do nacionalismo chinês que estimula os consumidores comuns a evitar o iPhone e outros dispositivos de marcas estrangeiras.

É algo que a empresa já enfrentou antes. Há quase cinco anos, a Apple registrou números abaixo das previsões para as compras de final de ano para seus recém-lançados iPhone XS e XR devido às vendas fracas na China. Publicamente, a Apple culpou a guerra comercial entre os EUA e a China e a economia local. Mas num e-mail interno enviado ao conselho de administração da empresa, o CEO Tim Cook também citou o nacionalismo chinês e a crescente concorrência de rivais locais.

Naquela época, a administração Trump tinha recentemente colocado a Huawei em lista indesejada, e as crescentes tensões entre os EUA e a China tornaram a vida mais difícil para as empresas profundamente dependentes do país asiático. A receita chinesa da Apple caiu nos anos fiscais de 2019 e 2020, antes de se recuperar em 2021. A empresa gera cerca de um quinto de suas vendas na China, que também é o coração da sua cadeia de abastecimento.

A questão agora é se a Apple enfrentará uma repetição de 2019. As crescentes proibições governamentais são um sinal ameaçador. Trabalhadores de agências e empresas estatais são cada vez mais impedidos de usar iPhones no escritório. A notícia fez as ações da Apple caírem nos últimos dois dias, eliminando US$ 190 bilhões de seu valuation

Os legisladores americanos também estão renovando o escrutínio a fornecedores da Huawei, com alguns pedindo a suspensão de todas as exportações dos EUA para a controversa empresa tecnológica chinesa. Os últimos protestos centram-se na principal fabricante de chips da China, a Semiconductor Manufacturing International Corp., que parece ter violado as sanções americanas ao fornecer componentes avançados para o novo telefone Huawei, disseram legisladores dos EUA. Os parlamentares também propuseram a proibição do TikTok, de propriedade da chinesa ByteDance.

Contra esse pano de fundo, o sentimento anti-Apple se espalhou nas redes sociais chinesas.

Um vídeo publicado online na quarta-feira mostrou forte movimentação em uma loja da Apple em Guangzhou, mas os comentários da postagem rapidamente se encheram de retórica anti-Apple. “Enquanto os candidatos a emprego usarem um telefone Apple, não os contratarei”, disse um deles. Outros usuários escreveram que “nunca comprarão um telefone Apple” e “se orgulharão de comprar um Huawei”. Outro acrescentou: “Por que não podemos proibir as vendas da Apple enquanto os americanos baniram a Huawei?”

No ano passado, a China ordenou às suas agências governamentais e empresas estatais que substituíssem computadores estrangeiros por alternativas nacionais até 2024. Até agora, essa medida não causou muito sofrimento à Apple, que viu o seu negócio com o Mac crescer 17% no segundo trimestre na China, segundo dados da Canalys.

As proibições podem ser apenas parte de uma tendência de longa data.

“Os funcionários do partido provavelmente evitaram o uso de produtos americanos no local de trabalho muito antes de a proibição oficial ser promulgada”, o analista da Evercore ISI, Amit Daryanani, disse em relatório na quinta-feira.

Se os consumidores na China pretendem abandonar a Apple, o novo telefone Huawei pode ser uma alternativa. Ele ostenta tela e bateria maiores do que do próximo iPhone 15 Pro de última geração. O dispositivo também possui câmeras de maior resolução e um preço inferior ao de seu rival americano.

O gigante ainda é um gigante

Ainda assim, não há sinais de uma grande mudança em relação à Apple no mercado de telefonia. Na verdade, a empresa foi um dos poucos vendedores de smartphones a ver as vendas crescerem no segundo trimestre, de acordo com a empresa de pesquisa IDC. A única outra grande fabricante a registrar aumento foi a Huawei, que terminou o período com uma fatia de mercado inferior à da Apple.

Por enquanto, o mercado chinês tem sido um ponto positivo para a Apple durante um período difícil. Suas vendas gerais caíram por três trimestres consecutivos e a receita deverá cair novamente no último período – marcando a sequência mais longa de quedas em duas décadas. A linha do iPhone 15, com detalhes como moldura de titânio e câmera aprimorada, tem como objetivo ajudar a tirar a empresa dessa situação.

Em última análise, a China tem um incentivo para não levar longe demais a proibição do iPhone. A Apple sustenta milhões de trabalhadores no país e seria difícil para o governo punir a empresa sem prejudicar o seu próprio povo.

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