iPhone de luxo: versão Pro já desponta como o carro-chefe de vendas (Justin Sullivan/Getty Images)
O novo iPhone14 chega às lojas nesta sexta-feira, 23, e a principal aposta da Apple para torná-lo um sucesso, durante um ano de inflação estrondosa e gastos instáveis com tecnologia, são os compradores abastados.
O novo dispositivo da Apple reserva os melhores recursos para os modelos Pro de última geração que custam pelo menos US$ 1.000. Baseado em dados de pré-venda, a estratégia já está funcionando com os consumidores, que transformaram o novo iPhone em sua versão mais cara na versão mais popular.
Embora os gastos gerais com dispositivos móveis e computadores estejam diminuindo este ano, ainda há um apetite por smartphones de primeira linha - o ponto forte da Apple. Isso permitiu que a empresa mantivesse a produção estável em um momento em que grande parte da indústria está reduzindo os planos.
“Os dados continuam apontando para uma demanda robusta pelo iPhone 14 Pro e Pro Max, o que pode ter um impacto materialmente positivo tanto para o mix quanto para as margens”, disse Amit Daryanani, analista da Evercore ISI, em relatório desta semana.
O iPhone padrão, que custa a partir de US$ 799, não roda o processador mais recente da Apple, o A16. No lugar disso, ele usa o mesmo chip A15 do ano passado. Os telefones Pro também tiveram melhorias significativas na câmera e uma nova interface chamada Dynamic Island.
Isso deixou os usuários com menos motivos para atualizar para um iPhone 14 básico, mas com bastante incentivo para pagar um pouco mais pelo Pro. Uma enxurrada de promoções de operadoras e ofertas de troca também podem persuadir os consumidores a comprar um modelo mais caro da linha.
A Apple reorganizou suas configurações de exibição este ano também. Foi-se a versão mini do iPhone. Em vez disso, a empresa está apostando que os consumidores querem mais espaço na tela. O iPhone 14 básico virá em um modelo de 6,1 polegadas e uma versão Plus de 6,7 polegadas que não estará disponível até 7 de outubro.
Os dados de pré-encomenda sugerem que o iPhone 14 Pro Max tem mais demanda do que o mesmo modelo no ano passado, parte da mudança de escala, de acordo com um relatório da KGI Securities.
A questão agora é saber se esse impulso é forte o suficiente para a Apple superar as quedas do mercado a seguir. Em todo o mundo, o mercado de smartphones deve cair 3,5%, para 1,31 bilhão de unidades este ano, segundo a empresa de pesquisa de mercado IDC.
Na China, um centro de fabricação da Apple e um mercado-chave, as vendas de smartphones caíram este ano. Contudo, as remessas da Apple aumentaram 5% em comparação com um declínio geral de 23%, de acordo com Daryanani, da Evercore ISI.
Um lançamento bem-sucedido do iPhone 14 pode ajudar a aliviar o nervosismo dos investidores após uma montanha-russa de um mês. As ações da empresa oscilaram entre ganhos e perdas nos últimos pregões, com os papéis sofrendo sua maior queda em uma sessão desde 2020 na terça-feira. Um relatório de inflação acima do esperado e preocupações com aumentos nas taxas de juros atingiram as ações de tecnologia de maneira especialmente dura.
Analistas esperam que as vendas da Apple subam 6% neste trimestre, uma desaceleração em relação ao ganho de 29% registrado no ano anterior - quando os consumidores ligados à pandemia ainda estavam consumindo tecnologia. O iPhone 14 será lançado algumas semanas mais cedo do que o habitual, o que deve ajudar a aumentar a receita da Apple no trimestre de setembro. O maior período de vendas da empresa no ano costuma ser o trimestre de dezembro, impulsionado pelos gastos com feriados. As vendas nesse período devem crescer 3%, segundo estimativas de analistas.