Apple: o cronograma de desenvolvimento é bastante agressivo e pode ser alterado, segundo as fontes (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2017 às 17h50.
Última atualização em 8 de novembro de 2017 às 17h57.
São Francisco - Na busca por um produto arrasador para suceder o iPhone, a Apple pretende finalizar a tecnologia para um headset de realidade aumentada em 2019 para poder vender o produto já em 2020.
Diferentemente da atual geração de headsets de realidade virtual, que usam o smartphone como tela e mecanismo, o aparelho da Apple terá tela própria e rodará com um novo chip e sistema operacional, de acordo com pessoas a par da situação.
O cronograma de desenvolvimento é bastante agressivo e pode ser alterado, segundo as fontes, que pediram anonimato porque o tema é privado.
A realidade virtual proporciona imersão do usuário em um mundo digital, enquanto a realidade aumentada sobrepõe imagens e dados ao mundo real.
O presidente da Apple, Tim Cook, entende que a realidade aumentada isola menos o usuário do que a realidade virtual e acha que a nova tecnologia poderá ser tão revolucionária quanto o smartphone. Ele promoveu a tecnologia em um programa popular da TV americana e, nas teleconferências sobre os resultados da empresa, dedica quase o mesmo tempo ao tema que ao crescimento das vendas.
“Já vemos coisas que transformarão nossa forma de trabalhar, brincar, conectar e aprender”, ele disse na teleconferência mais recente. “Simplificando, achamos que a realidade aumentada mudará para sempre a forma que nós usamos tecnologia.”A Apple preferiu não fazer comentários para esta reportagem.
Há cerca de dois anos, a Apple começou a montar uma equipe para trabalhar em projetos de realidade aumentada. A equipe liderada por Mike Rockwell, que veio da Dolby Labs, agora inclui algumas centenas de engenheiros de toda a Apple, segundo as fontes. A equipe está distribuída pelas unidades da companhia em Cupertino e Sunnyvale, ambas na Califórnia, e trabalha em diversos projetos de hardware e software sob o código “T288”.
O primeiro produto da equipe foi o ARKit, conjunto de ferramentas que programadores externos usam para criar aplicativos de realidade aumentada para os iPhones e iPads mais modernos, aproveitando suas telas, câmeras e processadores para criar interfaces virtuais tridimensionais para jogos, aprendizado e compras on-line. Foi um passo intermediário que deu à Apple a oportunidade de testar a tecnologia em um produto existente.
O próximo passo -- criar um headset com tela embutida capaz de fazer streaming de vídeo tridimensional sem esgotar a bateria -- é bem mais complexo. Cook admitiu isso em entrevista recente ao jornal The Independent: “Qualquer coisa que aparecer no mercado em breve não será algo satisfatório para nenhum de nós.” Referindo-se aos desafios relativos às telas, o diretor de design, Jony Ive, declarou a um painel de tecnologia no mês passado que “temos determinadas ideias e estamos esperando a tecnologia que acompanhe a ideia”.
Como em lançamentos anteriores, a Apple não aguarda que alguém crie um chip capaz de fazer seu headset de realidade aumentada funcionar. A empresa está desenvolvendo um chip internamente com conceito similar ao do Apple Watch. Esses chips podem reunir mais componentes -- processadores gráficos, chip de inteligência artificial, CPU -- em uma área menor do que os processadores tradicionais e consomem menos energia.
O novo sistema operacional, chamado internamente de “rOS” (sigla para “reality operating system”) se baseia no iOS, do iPhone. Da mesma forma que o tvOS faz o Apple TV rodar, o macOS faz o computador Mac rodar e o watchOS faz o Apple Watch rodar, o “rOS” vai embalar o headset de realidade aumentada. Geoff Stahl, que já foi gerente de software para games e parte gráfica da companhia, é um dos dirigentes da equipe de software “rOS”.