Roblox: aplicativo de jogos acertou em cheio na remuneração dos desenvolvedores (Roblox/Divulgação)
Tamires Vitorio
Publicado em 12 de setembro de 2020 às 08h00.
Caio Cabral tem 25 anos e mora no Rio de Janeiro. No ínicio de tudo, em 2010, ele era apenas um jogador da plataforma de games americana Roblox. Seis anos depois, em 2016, após aprender sozinho a desenvolver modelos em 3D, ele começou a fazer o upload de seus jogos na plataforma. O que começou como uma paixão, logo se tornou um trabalho --- que desde então tem dado muito certo.
Dentro da plataforma, Cabral vende os acessórios de seus jogos para os jogadores --- não é à toa que suas produções já foram compradas mais de um milhão de vezes. Agora, graças aos longos anos de trabalho dentro da plataforma, ele consegue sustentar a sua família. "Eu consegui apoiar a minha família durante a pandemia do novo coronavírus graças ao que ganho na Roblox. Agora consegui comprar uma casa para mim e para a minha família para pararmos de pagar aluguel", conta. "A minha mãe ainda não acredita que eu estou ganhando mais do que muitos presidentes de empresa fazendo o que eu faço agora. Sou muito feliz por conseguir correr atrás da minha paixão", afirma.
A Roblox foi lançada no Vale do Silício em 2006, mas demorou um tempo para cair no gosto das pessoas. O app já fazia sucesso e era rentável desde 2019 e estava crescendo com força total, mas foi em 2020, em plena pandemia, que ele colheu (ainda mais) os frutos de anos de trabalho. Com boa parte da população em casa durante a quarentena, a plataforma chegou a 150 milhões de usuários ativos em julho. No total, eles passam cerca de 3 bilhões de horas dentro do app por mês.
Mas a história de Cabral não é a única. O criador Alysson Kennedy, de 15 anos, mora em Goiás e descobriu a Roblox no meio de 2015, mas só começou a desenvolver jogos em 2017. O primeiro deles foi um sucesso, chamado Treacherous Tower, onde o jogador tem um certo período para alcançar a parte mais alta da torre, sendo que ela muda a cada 60 segundos --- o game já tem quase 500 milhões de visitas. "Meu trabalho na Roblox me dá experiências incríveis e ajudou muito na minha vida social. Eu aprendi muito e conheci pessoas incríveis com quem eu falo todos os dias e que me apoiam no que eu faço", conta Kennedy. "Em relação às finanças, eu agora consigo pagar por uma faculdade, viajar para outros lugares e dar à minha família uma vida melhor", diz.
A história dos dois não é exceção. Ao todo, cerca de 2 milhões de desenvolvedores estão trabalhando ativamente na plataforma. Aqueles cujos jogos se tornam destaque podem ganhar uma boa quantia de dinheiro. Hoje esse grupo já soma 345.000 desenvolvedores. As receitas da Roblox vêm dos itens virtuais que são vendidos dentro dos games e também da publicidade exibida no app.
Cynthia Leys, mais uma brasileira (dessa vez de São Paulo) que trabalha com modelos em 3D, descobriu a Roblox recentemente e se define como a "doida dos gatos", uma vez que todos os itens que ela produz são relacionados a... gatos. Desde julho, ela vende seus itens na plataforma. "Eu aprendi muito nos últimos meses e consegui atualizar o meu computador, o que permitiu melhorar meu fluxo de trabalho com 3D", conta. "Agora eu estou no meio do meu curso de pós-graduação e, graças à Roblox, conseguirei terminá-lo no ano que vem".
A Roblox é um app no estilo “mundo aberto”, em que os jogadores criam um personagem e saem explorando o cenário virtual junto com outros jogadores. A grande façanha é que ele permite que qualquer desenvolvedor crie seus jogos e os publique na plataforma.
E é aí que a Roblox acertou em cheio.
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