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Após Moto G, Lenovo aposta em smartphones modulares

Acessórios inteligentes ampliarão capacidades dos aparelhos mais sofisticados da marca


	 Moto Z: smartphone topo de linha da Lenovo tem acessórios que expandem capacidades do produto
 (Divulgação/Motorola)

Moto Z: smartphone topo de linha da Lenovo tem acessórios que expandem capacidades do produto (Divulgação/Motorola)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 14 de setembro de 2016 às 11h34.

São Paulo – O Moto G é o smartphone de maior sucesso da Lenovo, mas a principal aposta da empresa para o segundo semestre deste ano será o sofisticado Moto Z. O aparelho é o primeiro celular topo de linha da marca a ter leitor de impressões digitais, suporte para conexão de acessórios (módulos) e, assim como o iPhone 7, ele vem sem conector para fones de ouvido tradicionais.

Em entrevista a EXAME.com, Sérgio Buniac, vice-presidente corporativo responsável pela divisão de celulares da Lenovo no Brasil e na América Latina, conta que os acessórios personalizados do Moto Z, que serão chamados de Moto Snaps, podem ser um dos principais impulsionadores de vendas no novo smartphone que mira em uma faixa de preço mais alta. 

"Fizemos pesquisas pré-lançamento no Brasil e vimos que a intenção de compra do produto fica abaixo dos dois principais concorrentes no segmento premium. Agora, com os Moto Snaps, a intenção de compra do aparelho é multiplicada por três. O consumidor vê valor na modularidade", afirmou Buniac.

Os Moto Snaps são como capas inteligentes que adicionam recursos ao smartphone. É possível aumentar a duração da bateria, melhorar a qualidade de som, dar ao aparelho a capacidade de projetar vídeos à distância, como um projetor, ou simplesmente mudar o visual do dispositivo, como já era possível fazer no Moto G. Esses acessórios inteligentes serão compatíveis com smartphones da Lenovo por três anos, garante a fabricante.

(Divulgação/Motorola)

Assim como no caso do iPhone 7, o Moto Z virá com um adaptador que permite a conexão de fones de ouvido comuns à entrada de energia do produto, que, pela primeira vez no portfólio da marca, é um USB Type-C, um conector reversível. 

Essa nova porta é mais veloz para a transferência de dados para um computador do que a anterior, a microUSB, e também oferece suporte para a conexão de componentes de áudio como os fones.

Moto Z: smartphone tem 5,2 mm de espessura (Lucas Agrela/EXAME.com)

Com a eliminação do plug P2, a Lenovo conseguiu criar um smartphone mais fino do mercado brasileiro, com espessura de 5,2 milímetros.

A companhia informa que 30% da sua verba de marketing para o segundo semestre de 2016 será usada para a promoção da linha Moto Z.

Compra da Motorola pela Lenovo

Buniac deixa claro que a Lenovo comprou a Motorola e a empresa mantém hoje duas marcas no mercado: Moto e Vibe. O nome "Motorola" não será mais usado pela companhia.

Fora isso, o executivo conta que pouca coisa mudou na operação brasileira desde a aquisição. "A nossa empresa sempre foi forte em engenharia. Fomos primeiramente comprados pelo Google, que nos deu uma visão muito forte do mercado de consumo. A Lenovo nos trouxe o conceito de uma companhia mais globalizada e nos levou a regiões como a China, o Leste Europeu e a Ásia, em geral. A cadeia de fornecedores da empresa nos ajudou a levar produtos a mais locais", declarou Buniac.

Ele ressalta que o Brasil continua a ser um mercado importante para a Lenovo no segmento de smartphones, variando entre a terceira e a quinta posição no ranking global de vendas. "Não vemos motivo para o Brasil receber um smartphone depois de outros mercados, como fazem outras fabricantes", afirmou Buniac. Produtos como o Moto G e o Moto X, normalmente, têm lançamentos realizados no Brasil, enquanto a maioria dos concorrentes são apresentados oficialmente em outros mercados. 

"Nosso faturamento cresceu mais de três vezes entre os anos de 2013 (lançamento do Moto G) e 2016", afirmou o vice-presidente corporativo da empresa, que não compartilha números exatos por política interna.

Poucas famílias, muitas versões

A estratégia que levou a Lenovo ao segundo lugar no ranking de smartphones mais vendidos no Brasil, atrás somente da Samsung, consiste em oferecer poucas famílias de aparelhos. No entanto, desde o final do ano passado, a fabricante iniciou uma multiplicação de versões dentro de uma mesma linha de smartphones e também fez a estreia da família Vibe.

O Moto X foi o primeiro a se multiplicar. O produto tem atualmente três edições: Moto X Play, que tem longa duração de bateria; Moto X Style, um intermediário-avançado com foco no design; e o Moto X Force, que tem configuração de hardware de alta performance e uma tela inquebrável.

O Moto G já se dividia em versões no passado. Havia edições com ou sem 4G, TV Digital, capas coloridas ou com mais memória RAM. Em 2016, a fabricante optou por oferecer três novos modelos dessa mesma família. 

O mais sofisticado é o Moto G4 Plus, o primeiro a vir com câmera com estabilização óptica de imagem e sensor de impressões digitais. O produto do meio é o Moto G4, que tem a mesma configuração de hardware, mas sem os diferenciais para foto e desbloqueio de tela da versão Plus. A versão mais modesta é o Moto G4 Play, que ganhou um visual mais novo, mas manteve a tela de 5 polegadas e o processador da terceira geração.

Vale notar que a Lenovo também irá dividir a linha "Moto Z" em duas ao lançar o smartphone Moto Z Force, que tem a mesma tecnologia de tela inquebrável do Moto X Force.

Todas essas versões não deixaram o público confuso, na visão de Buniac. 

"O consumidor assimilou bem as variantes dos produtos. A gente nota que existem segmentos diferentes de preferência porque a franquia ficou muito grande. Do público do Moto G, havia quem queria mais tecnologia (Plus) e o público do custo beneficio (G4). Já o Play é para o usuário que quer uma tela menor e, por isso, voltamos ao preço abaixo dos mil reais.", declarou Buniac.

A entrada da família Vibe no mercado, que já conta com integrantes como o A7010, o K5 e o C2, é uma medida importante para a Lenovo para aumentar seus números de vendas em ranking de mercado. Os aparelhos têm preços abaixo dos mil reais no e-commerce nacional. 

A fabricante informa que a expectativa é que linha Vibe represente 30% das vendas de smartphones da Lenovo no ano de 2016 no Brasil. 

De acordo com análise da GfK, sobre dados referentes a dezembro de 2015, a Samsung tem 50,3% de parcela de mercado, seguida pela Lenovo (17,8%), LG (12,2%) e Apple (5%). Dados mais recentes indicam que a Lenovo atingiu parcela de 20% do mercado e a Alcatel, que renovou sua linha de smartphones neste ano, assumiu a quarta posição, deixando a Apple em quinta colocação.

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