Redatora
Publicado em 20 de março de 2024 às 10h46.
Última atualização em 20 de março de 2024 às 10h47.
Os provedores de serviços de internet que atendem à África foram obrigados a enviar seu tráfego por desvios elaborados após danos a quatro principais cabos submarinos na costa oeste do continente na semana passada.
Algumas empresas de telecomunicações estão contornando os cabos passando pelo Brasil, segundo fontes da Bloomberg. Outras desviaram seu tráfego por terra, usando uma rede de cabos terrestres transfronteiriços. O redirecionamento ajudou a MTN, a maior operadora sem fio da África em receita, a restaurar sua rede.
Os cabos marítimos Sistema de Cabos da África Ocidental, MainOne, South Atlantic 3 e ACE - artérias para dados de telecomunicações ao longo da costa - saíram do ar na semana passada.
No entanto, o redirecionamento, às vezes por meio de cabos de menor capacidade, deixou muitos países com velocidades de internet mais lentas.
"A única maneira de devolver a rede africana ao status quo normal é reparar esses quatro cabos cortados", disse Roderick Beck, consultor de telecomunicações, à Bloomberg. "Esses cabos fornecem a maior parte da conectividade direta para a maioria dos países da África Ocidental."
A causa das falhas ainda não foi determinada, mas uma análise preliminar da MainOne sugeriu atividade sísmica no leito marinho que pode ter levado a um deslizamento, de acordo com uma postagem no blog da empresa. A empresa estimou que levaria entre três e cinco semanas para restaurar a conectividade.
Amplas interrupções atingiram pelo menos oito países da África Ocidental, incluindo a Nigéria, e foram sentidas até na África do Sul, que depende dos cabos para transferência de dados internacionais. Costa do Marfim, Libéria e Benin foram os mais afetados, impactando desde chamadas telefônicas internacionais até transferências de dinheiro local e comércio eletrônico.
Muitas empresas transferiram seu tráfego para o cabo Equiano de alta capacidade, que também percorre a costa, mas está conectado diretamente apenas ao Togo, África do Sul e Nigéria, disse Beck. Outras recorreram à Angola Cables, cujo cabo SACS vai de Angola para o Brasil e de lá a empresa pode enviar dados para os Estados Unidos e Europa, disse o chefe de marketing da empresa, Samuel Carvalho.
A Autoridade Nacional de Comunicações de Gana disse em comunicado que estava alocando a "largura de banda limitada atualmente disponível" para empresas-chave, incluindo órgãos públicos e bancos.
A Comissão de Comunicações Nacional da Nigéria disse em comunicado na segunda-feira que os serviços de dados e voz foram restaurados para "aproximadamente 90% de suas capacidades de utilização máxima".
O ministro da Economia Digital da Costa do Marfim, Ibrahim Kalil Konate, disse que, embora os serviços de internet estejam "funcionais", a capacidade não será totalmente restaurada até que os cabos sejam reparados, o que ele disse esperar que seja concluído até o início de abril.